segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O PROFESSOR NA CONTEMPORANEIDADE Evan Bessa Desde muito tempo tem se observado que, dentre tantos profissionais existentes, há um que sempre chama a atenção pelo simbolismo representado e o valor subjetivo que se impõe: O Mestre ou Professor. Nada pode se igualar a uma missão tão relevante para a sociedade, pois o conhecimento é o alicerce para se chegar ao desenvolvimento de uma nação. Segundo Arthur Lewis, “Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido.” Na realidade, as políticas públicas adotadas para a Educação pelos governos não assimilaram a assertiva do pensador. Em épocas passadas, a figura emblemática do professor traduzia-se em reverência, visto o valor que a sociedade lhe impunha. O respeito acima de tudo ao mestre que transmitia saberes, conhecimentos e uma formação de homem na sua melhor acepção. Havia um distanciamento entre o mestre e o discípulo, dada a deferência especial que era dispensada. Hoje, o professor não é visto como depositário do saber. E já não se percebe a grandeza do seu labor. Nietzsche dizia que: ”A primeira tarefa da educação é ensinar a ver.” Toda a experiência de aprendizagem inicia-se a partir da observação do que está ao nosso redor. O que nos causa espanto, curiosidade e nos provoca a pensar, a ter “fome do saber”. Quem ensina também aprende e é nessa troca de saberes e competências que se constrói o edifício educativo. O professor vive em constante metamorfose, pois os dias atuais exigem que ele esteja em permanente reciclagem dos conhecimentos. A cada instante, em algum lugar do planeta, teorias, métodos de ensino, estratégias são reformuladas ou modificadas levantando-se novas hipóteses para a educação. Além disso, a internet, os livros, jornais, a mídia eletrônica estão aí a toda hora transmitindo informações e modificando cenários até então conhecidos. Não só o professor, mas qualquer profissional que queira assumir suas competências de forma a não se tornar obsoleto tem que buscar se renovar no campo específico de sua atividade. Não se nega a importância que tem o professor na contemporaneidade. Ele será sempre insubstituível, uma vez que para se ensinar e aprender há de se estabelecer laços de afeto, no sentido de uma aproximação segura e de confiança entre o aprendiz e o mestre. Paulo Freire afirmava que: “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.” Esta é uma profissão que gratifica qualquer ser humano vocacionado para desempenhar com afetividade e efetividade o seu trabalho. Infelizmente, não se tem o retorno desejado em termos salariais e de valorização que deveria ser contemplado. A missão de fazer o aluno abrir os olhos para o mundo, enxergar a sua volta, aprender a pensar e ter “fome de saber” é incomensurável.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

CRONISTA DE MINHA ALDEIA Evan Bessa - Pedagoga Ontem, ao abrir o jornal, me deparei com uma notícia que jamais queria ler: Morre Airton Monte. Fiquei perplexa diante do fato. Não queria acreditar... Embora saibamos que a morte é o destino mais certo que temos, nunca pensamos na sua chegada, principalmente quando se trata de pessoas que estimamos e admiramos pela figura humana, inteligência e versatilidade como literato. Segundo Léo Buscaglia, “A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas”. Este pensamento nos leva a uma reflexão mais profunda. Na minha visão, Airton Monte era o melhor cronista vivo depois de Milton Dias. Suas crônicas diárias eram deliciosas, cheias de emoção e lirismo. Podíamos admitir que algumas eram verdadeiras poesias em prosa. Seu estilo tinha um quê de simplicidade e beleza que fazia seus leitores ficarem embevecidos. Os que o acompanhavam no dia-a-dia, ao abrir o jornal “O Povo”, procuravam imediatamente a crônica de Airton Monte. Era uma forma de entrar em contato com um texto leve, bem escrito, com humor e, às vezes, reflexivo. Viajava nas suas produções diárias. O fato comum se transformava em pouco tempo numa bela página, rica de significados e significantes, tal era a sensibilidade do escritor. Numa ocasião, enviei-lhe um e-mail falando que havia me emocionado com a sua escritura e admirava seu estilo como escritor. Ele me respondeu prontamente com uma delicadeza ímpar. Depois, em outra oportunidade, falamos das nossas famílias Monte x Feitosa em que nossos ancestrais eram verdadeiros inimigos. Conta a lenda que havia muitas desavenças entre eles. No entanto, as gerações que se sucederam eram de “paz e amor” e, hoje, não existem mais restrições e inimizades. Que bom! Médico psiquiatra, escritor, poeta, boêmio, tinha uma vida de uma simplicidade quase franciscana. Nos seus textos falava de sua vida pessoal, do amor à família e das dificuldades e agruras da vida. Tinha verdadeira adoração pelo pai com quem mantinha o aconchego nos almoços de domingo na Rua Dom Jerônimo. Eram muito amigos e, após o almoço, as conversas varavam o resto da tarde e entravam à noite. A reciprocidade no afeto, no carinho, na amizade os mantinha próximos na mesma cumplicidade de pai e filho, que se amam e se respeitam. As suas crônicas refletiam claramente o amor que construíram ao longo de suas existências. Por ironia do destino, no dia de sua morte, acontecia na Academia Cearense de Letras a votação para ocupar a vaga do acadêmico José Maria de Barros Pinho. O cronista era um dos candidatos à vaga deixada pelo poeta. Realmente, perdemos um grande representante na Academia, visto que, seu assento naquela casa centenária só iria dignificar e enriquecer o egrégio. O cronista de minha aldeia partiu. Ficou uma lacuna imensa na intelectualidade cearense. O homem, o poeta, o escritor agora dorme o sono dos justos. Não pode mais sonhar... Ficará eternamente na memória afetiva dos seus leitores que partilhavam, diariamente, o pão que alimentava o espírito com a leitura de seus escritos. E, agora, só resta ao leitor a saudade dolorida de quem partiu prematuramente, quando ainda tinha tanto a dizer. Airton Monte, que Deus e os anjos o recebam com a mesma alegria e leveza que encarava a vida.

sábado, 25 de agosto de 2012

BRASIL E SUÉCIA RESGATAM UM TEMPO

Hoje, após cinquenta e quatro anos, recordamos a grande vitória da Seleção Brasileira em 1958 nos gramados da Suécia. Jogadores, autoridades, a rainha Silvia e o povo em geral assistiram a uma festa em que foram homenageados antigos desportistas do Brasil e da Suécia.
Após solenidade com entrega de medalhas aos agraciados, Edson Arantes do Nascimento – Pelé – deu o pontapé inicial ao jogo amistoso entre as duas seleções contemporâneas. O rei do futebol saiu do campo ovacionado pelos presentes. Pelé é reconhecido mundialmente pela sua genialidade no trato com a bola. Depois de tanto tempo, continua ocupando o Panteão da Glória. O povo brasileiro o reverencia como rei do futebol e reconhece o seu valor como jogador e cidadão.
Depois de tantos anos, parte da antiga seleção pisou novamente no mesmo campo, onde levantaram a taça Jules Rimet, na vitória que deu o título de Campeã Mundial ao nosso país. A emoção estava no semblante de cada um daqueles senhores diante do campo em que outrora fizeram grandes jogadas.
Esta é uma página da história do país que dá orgulho a todos os brasileiros. Somos pentacampeões nessa modalidade de esporte. Portanto, temos raça para lutar sempre com nossos adversários. Nenhuma seleção estrangeira nos assusta. O Brasil é respeitado pelos inúmeros jogadores - “craques” que possuem talento e alto nível de qualidade. O que ocorre é que a safra que vai aparecendo nos campos, pouco a pouco, é levada para os times da Europa, da Ásia e de outros continentes.
No entanto em cada Copa do Mundo o país pára, os corações batem acelerados e a vibração corre de norte a sul do Brasil. Todo o povo se irmana e torce pelo “escrete” brasileiro. Desde agora, estamos contando os dias e as horas para a Copa do Mundo de 2014 que será realizada em solo nacional. Não é o máximo?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A FIGURA PATERNAL

Ser pai é uma opção nos dias de hoje; além disso, é preciso ter vocação, isto porque esta é uma função delicada. Requer dosagem de responsabilidade, pois criar, cuidar e educar um filho parece uma tarefa das mais difíceis. Vivemos numa sociedade onde os valores e princípios mais simples foram esquecidos. As famílias se modificaram, visto que, em sua maioria, cada uma abriga filhos de vários casamentos. Nesse contexto, a paternidade se traduz como algo diferente do passado e os pais têm que reaprender e se renovar para atender às demandas e necessidades de sua prole.
Hoje, o pai nem sempre é o provedor da família. Em alguns lares os papéis foram invertidos ou, no mínimo, existe divisão das despesas para suprir o orçamento doméstico. O casal trabalha o dia todo e mal se encontra com os filhos. Aí a coisa complica! Como dar atenção, carinho aos filhos se o trabalho os absorve e quase não sobra tempo para eles?
Um pai tem que se guiar pela pedagogia do amor. Saber dosar amor, ternura, carinho, dar limites, acompanhar o crescimento e a formação do filho, ser companheiro e manter a autoridade sem autoritarismo. Ser amigo do filho, mas, observando que tem que haver respeito entre eles e, sobretudo, admitir que seja o PAI.
Amanhã, se comemora o Dia dos Pais, segundo domingo de agosto. Quase todos os lares reverenciam essa figura tão importante na célula da família. Cada um homenageia seu pai da sua forma: com um abraço, um beijo, um presente simbólico, enfim, é o dia em que se tem a oportunidade para se materializar o afeto do filho pelo pai. Por que não? Não se pode esquecer a referência de um pai numa família. A falta dele, muitas vezes, traz insegurança aos filhos.
Na realidade, pai e mãe se reinventam no decorrer da vida, ensinando e aprendendo com os filhos todos os dias do ano. Esse processo contínuo e progressivo se constrói no cotidiano com base no amor, na confiança, na partilha de alegrias, nos momentos de tristeza, enfim, na troca e na arte de bem viver.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

GERAÇÃO DE OURO

Nesse ano de 2012, de junho a novembro, os brasileiros comemoram os setenta anos de vários ídolos da uma geração de ouro, no que se refere à música popular. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Paulinho da Viola, cantores, compositores, poetas agora, senhores setentões. Nas décadas de 60 e 70 revolucionaram o panorama musical do país e continuam até hoje nas paradas de sucesso em todos os recantos do território nacional.
O Brasil atravessava uma ditadura militar terrível e havia verdadeira ebulição nas ruas das cidades de todo o território nacional. Movimentos invadiam praças e a revolta tomava conta da população. O povo sofria a repressão imposta pelo governo. Vivia-se um momento de horror e atrocidades com prisões, mortes, exílio, desaparecimentos de estudantes, jornalistas, líderes partidários e simpatizantes ideológicos, os quais passaram por momentos de enorme terror.
Mesmo frente a um cenário completamente desastroso e desfavorável conseguiram compor músicas e letras da mais alta qualidade que marcaram uma época. Criaram movimentos musicais que inovaram a MPB. Caetano e Gil foram exilados em Londres por um bom tempo. Longe do seu país, escreveram belas composições. Para matar a saudade que os consumia, cantavam e chegaram a gravar disco no exílio temporário. Para mim, uma das canções mais belas desta época é “London London”. Através da arte faziam a terapia para amainar os ânimos, longe de sua terra e de sua gente. Nunca se esqueceram do seu lugar, e tinham certeza que um dia retornariam ao ninho antigo.
Milton Nascimento, exímio músico, letrista fundou em Minas Gerais o Clube da Esquina onde reuniu cantores, letristas, musicistas de talento inconfundíveis. Daí, surgiram letras, páginas inigualáveis, como: Canção da América, Cálice, Maria, Maria, dentre outras. Até hoje é orgulho do nosso povo e continua produzindo letras e músicas de se “tirar o chapéu”.
Por outro lado, o carioca Paulinho da Viola, filho de sambista da gema, iniciava sua carreira brilhante, compondo sambas autênticos, com ritmos cadenciados e melodias de alto valor e de uma beleza estonteante. Continua exercendo plenamente sua função de artista com todo vigor e criatividade.
Esta geração soube usar o talento com maestria. Ultrapassou as fronteiras do país com suas composições. Como estrelas da MPB, ganharam prêmios internacionais. Todos eles tiveram uma juventude conturbada, passaram por inúmeras dificuldades, no entanto, deram a volta por cima construindo uma carreira longa e de sucesso. Seus nomes ficarão escritos no livro da história desse país e serão eternizados por suas obras. Parabéns pelos setenta anos bem vividos!!!

sábado, 14 de julho de 2012

A ARTE DO ENTRETENIMENTO

O cinema sempre foi e será uma opção de lazer para os aficionados. Das últimas películas que concorreram ao “OSCAR” tive a oportunidade de assistir algumas delas. Não entendo do “metier”, mas, como divertimento, curto bastante. Passar o tempo me deliciando com a sétima arte é realmente um grande entretenimento.
O filme “O Artista” obteve cinco estatuetas na festa de premiação do OSCAR nos Estados Unidos. Dentre elas: Melhor filme, melhor diretor e melhor ator. Além de arrebatar três Globos de Ouro. Quem o dirige é o francês Michel Hazanavicius que, com coragem, vai a Hollywood concorrer com inúmeros diretores radicados no país, bem como outros tantos de várias partes do mundo.
O mais interessante é que ele se arrisca com um filme em preto e branco, voltando aos anos vinte com o filme mudo. Destaca o ator que faz o personagem “George Valentin” de grande prestígio do cinema mudo que, após perder a fama com a chegada do cinema falado, passa a viver no esquecimento. Resistente às mudanças fica distante por longo tempo das filmagens e da interpretação de novos personagens. Por outro lado, sua amiga Peppy Miller percorre o caminho inverso feito por seu colega. É reconhecida como atriz renomada por trabalhar exatamente com filmes modernos - falados. Valentin só tem um amigo de verdade que é seu cão da raça “Terrier”. Por sinal, se torna um personagem relevante, junto ao dono, sendo fundamental sua participação no decorrer da película.
O filme não é cansativo. Apesar de inovar utilizando o “velho” consegue prender a atenção do público. A leveza de interpretação dos atores e a forma como são dirigidos nas cenas dão um efeito especial aos diálogos e à representação de cada um deles.
Logo de início, causa um impacto no espectador, pois o filme surpreende pela estética, técnica, luz, cenários, uma vez que se volta a um passado remoto. Ao mesmo tempo, instiga a curiosidade para os episódios que estão por vir. Prende a atenção de quem está assistindo para observar até aonde vai a criatividade do diretor.
Para quem gosta de cinema, é um filme atraente, motivador e que faz pensar nas transformações e mudanças ocorridas ao longo dos anos na indústria cinematográfica.
O AROMA DA NOITE

A noite chegou mais cedo e trouxe com ela o perfume das flores do jardim. O aroma tomou conta do espaço onde me encontrava lendo um livro interessante. Olhei pela janela e depois para o céu e pude observar as primeiras estrelas iluminando a noite. O brilho incandescente ofuscava meu olhar, deixando-me quase cega. Parei de ler a fim de admirar aquele começo de noite que prometia resgatar lembranças.
Num primeiro momento, revi os tempos de outrora e fatos passados. Coloquei na balança e pude aquilatar o peso que até hoje trazem à minha vida. Esse acúmulo de vivências resultou em desdobramentos outros que me deram experiências e amadurecimento para dirigir o carro do meu destino.
Hoje, vejo nitidamente o quanto aprendi. Tentei reelaborar questões que ficaram sem respostas, equações não resolvidas que permaneceram no meio do caminho e, agora, passaram a ter relevância. Tudo serviu como aprendizagem e ensinamento ajudando-me a trilhar neste corredor da existência dia após dia.
Nessa travessia que percorremos desde o nascimento há de se ter instantes de instabilidade emocional em certos momentos. Isso se verifica pela correria da vida e os inúmeros compromissos que acabamos assumindo. A tensão se encarrega de travar determinadas atitudes que se deveria tomar e nada acontece.
Continuo absorvendo o perfume que vem na minha direção, enquanto meus pensamentos borbulham como água quente e a cabeça esquenta aumentando a temperatura. Eles percorrem milhas e milhas, anos e anos, e me deparo com um mapa traçado de andanças, caminhadas em terreno ora cheios de pedras, ora em pistas asfaltadas sem curvas - só retas, que me fizeram deslizar por ruas e becos conhecidos ou desconhecidos.
A noite se aprofunda e a escuridão vai tomando conta das horas. Vejo o céu bordado de estrelas que passeiam nas avenidas do firmamento. Transformo esta noite, viro-me no avesso do avesso, como diz a música do Caetano Veloso, para dormir com o perfume das rosas e sonhar com o céu estrelado da minha vida.

sábado, 7 de julho de 2012

O SABOR DE VIVER


Nada mais estimulante ao paladar que ouvir uma bela música, quando se está ao redor da mesa, fazendo uma refeição. O prazer de degustar cada prato acompanhado de uma taça de vinho completa a doce aventura de satisfazer qualquer pessoa mais exigente. A conversa corre mais solta, os diálogos passam a ter nuances de cores e de sabores. Os sentidos ficam mais aguçados e a emoção flui com espontaneidade.
Hoje, almoçamos ao som do pianista Felipe Adjafre. Exímio músico de rara sensibilidade e habilidade excepcional no manejo do instrumento. Consegue atrair o ouvinte e transmitir, através dos sons, o verdadeiro encantamento. O repertório é de imensa qualidade. O bom gosto musical do artista induz você a parar e passar um bom tempo se deliciando da boa música.
Alguns teóricos defendem que a música faz muito bem ao ser humano. É considerada terapia para acalmar, relaxar, educar a audição, dentre outras. Além disso, ela pode lhe transportar para lugares inimagináveis. A sedução que ela exerce alcança o coração e a alma de quem escuta uma melodia. A música não tem fronteiras. Agrega, aglutina e reúne povos de culturas diversas. Como o esporte, congrega pessoas de todas as idades, credos e raças para o exercício do movimento. Seja ele qual for desperta em cada um, ânimo e alegria, põe adrenalina na corrente sanguínea e provoca efeitos variados no organismo. O mesmo ocorre ao se assistir uma peça teatral, ler um romance ou um poema.
A vida seria mais pobre se não existissem as artes. A música, a literatura, o teatro, a dança dão colorido ao cotidiano. Proporcionam a leveza, a estética, a compreensão de determinados problemas existenciais, os quais, muitas vezes, não sabemos resolvê-los. Desperta a sensibilidade do olhar para que se enxergue o que está no íntimo e diante de nós. Enfim, nos leva a reflexão acerca das dores e amores, bem como de tantos outros fatos com os quais nos defrontamos diariamente.
Claro que nem todo o dia se pode sentar à mesa para jogar conversa fora, alimentar o pecado da gula e cultuar Baco – deus do vinho, mas que de vez em quando é necessário, ah! Isso é!!! O estresse da vida moderna requer que se tenham momentos descontraídos, para que possamos rir da vida e de nós mesmos. Só desse jeito tornamos o fardo mais leve e a vida passa a ter melhor sabor.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

BELO DOCUMENTÁRIO

Nada é mais relaxante do que escolher um bom filme para assistir nas horas vagas. É o tipo do lazer que lhe deixa leve, principalmente quando você seleciona uma boa película.
O documentário “O Retrato de Woody Allen” produzido pela cineasta americana Barbara Kopple, na década de 90 foi a opção dessa tarde. A diretora, no decorrer do filme, revela seu olhar cuidadoso sobre o artista, mostrando também facetas de sua vida privada o que leva o expectador a ficar atento a detalhes, os quais deixam transparecer nas entrelinhas durante toda a filmagem.
O tema principal de que trata o referido documentário é sobre uma turnê realizada, em dezoito cidades européias ao longo de vinte e três dias, pela banda em que Woody Allen atua. Quem já leu sobre Allen ou acompanha sua obra cinematográfica sabe que ele é aficionado por jazz. Seu hobby desde a adolescência era tocar no seu clarinete o jazz primitivo, gerado em Nova Orleans. É a partir dessa excursão que o músico mostra sua versatilidade com extrema competência, junto com a banda às mais variadas plateias: Espanha, Roma, Suíça, Londres, Veneza, Milão, Florença, dentre outras.
A turnê consegue reunir grande público que se delicia e aplaude o artista transformando-o em verdadeiro ídolo. Jornalistas, fotógrafos, autoridades e pessoas comuns ficam o tempo todo, atrás do músico o que o deixa um pouco confuso, sem entender porque tanto assédio.
A película consegue captar também, momentos mais íntimos de Allen e sua mulher, a coreana Soon Yi Previn que o acompanha em todas as apresentações. Bárbara entra com sua câmara nos apartamentos dos vários hotéis onde os dois se hospedam e focaliza cenas do cotidiano do casal: servindo-se no café da manhã, juntando roupas usadas para lavanderia, orientando os assessores, enfim tarefas rotineiras. Mostra, ainda, cenas hilariantes em que se percebem os questionamentos, temperamento e atitudes do cineasta de uma maneira bem natural. Wood Allen se mostra por inteiro, demonstrando sua claustrofobia, seus anseios, sem artificialismos.
A banda de Woody Allen mantém apresentações regulares em Nova Iorque. É uma forma que o artista encontra para se divertir fazendo o que gosta, ao mesmo tempo, que alivia o estresse do seu trabalho árduo de produzir um cinema para agradar as mais exigentes plateias.

domingo, 29 de abril de 2012

A DOR QUE RESISTE

Relendo alguns apontamentos que costumo registrar, deparei-me com o pensamento de um grande escritor: “Por muito tempo achei que a ausência é falta. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim”... (Drummond de Andrade). Parei para refletir e analisar essa afirmação e senti que tem tudo a ver com as lembranças do dia de hoje.
Nessa data, há 23 anos, perdia meu pai. A dor, ainda, resiste e insiste em permanecer no meu coração. Apesar de mais de duas décadas, a saudade continua machucando, alojada de forma persistente em mim. Fazendo uma analogia com a citação anterior, posso afirmar, categoricamente, que essa ausência paterna está e vive em mim. O tempo passou, mas não consigo retirar da lembrança a pessoa querida que um dia foi importante na minha vida. Principalmente ele, que foi referência como homem, pai amoroso, exemplo de dignidade para a família.
Recordo sua figura franzina, tão frágil com o peso da enfermidade! Esta debilidade que foi se acentuando a cada dia e lhe tirando, pouco a pouco, de nosso convívio. Em cinco anos de doença carregou a sua cruz até o momento final. Família nenhuma passa impune diante de tanto sofrimento. Por mais que se tenha fé e crença na vida eterna é difícil aceitar a partida de um ente muito amado.
O passado não reconhece o seu lugar; está sempre presente - dizia o poeta Mário Quintana. Na verdade parece contradição, porque a ausência física do meu pai se faz presença constante na minha caminhada diária. Nada pode preencher o vazio que ele deixou. Haverá sempre uma lacuna, um espaço, que nunca será substituído por ninguém.
Quando chega o mês de abril, não consigo deixar de relembrar os momentos mais dolorosos que passei na ocasião de sua passagem. Nenhum bálsamo foi capaz de cicatrizar as feridas que ficaram à flor da pele e que, a cada ano, sangram e ardem com muita insistência, no corpo, na alma e na minha memória afetiva..
Para concluir, recorro ao que disse um autor desconhecido: “O destino une e separa as pessoas, mas nenhuma força é tão grande para nos fazer esquecer pessoas que por algum motivo, um dia nos fizeram felizes”. Concordo plenamente com a afirmação.
DIMENSÕES DO OLHAR

Há muito anoiteceu! Olho para o céu e vejo um lindo bordado de estrelas, derramando fios prateados sobre a terra. A lua, neste momento, se esconde por trás das nuvens que dançam num ritmo frenético. Fixo meu olhar no alto e o que vejo me faz admirar ainda mais a beleza do Criador. Hipnotizada por alguns instantes, recordo que na infância só enxergava as figuras que eram formadas pelas nuvens. Ora contava como carneirinhos, ora eram monstros imensos que deslizavam no firmamento. Sonhava poder pegá-los para brincar e correr, na minha ingenuidade de criança.
Percebo que com o tempo a gente passa a olhar o que nos rodeia de maneira diferente. Existem várias formas de direcionar um olhar. E isso só ocorre pelo acúmulo das experiências vivenciadas. Durante a caminhada que se percorre ao longo da vida, o olhar vai tomando dimensões variadas.
Há pessoas que tem mais sensibilidade que outras. Visualizam determinadas coisas com toda a subjetividade, lirismo e romantismo que lhe são peculiares. Enquanto determinadas criaturas não percebem ou dão pouca importância ao que vêem ou enxergam. Tudo passa quase despercebido por sua ótica. São objetivas, racionais e enxergam sem nuances das cores. É o preto e branco e ponto final. São incapazes de verter um olhar mais complacente, diante de uma criança, de um quadro, de rir ou chorar, ao assistir um filme cômico ou dramático.
Educar o olhar nos dias de hoje é uma necessidade. Aprende-se a exercitar os sentidos a fim de enxergar melhor o que se apresenta diante de nós. Esse olhar é, antes de tudo, sensorial. À medida que você vê, toca, escuta o seu coração, sente o gosto da emoção que invade a alma e passa a ter a sensação do odor que toma conta do ambiente em que você se encontra, aí sim, o seu olhar está invadindo um campo até então desconhecido.
Para mim, nada nesta vida tem mais valor que a capacidade de olhar verdadeiramente o objeto ou sujeito, de forma a perceber o mistério e a beleza que se escondem por trás das aparências.

terça-feira, 10 de abril de 2012

GAVETAS DA ALMA

O telefone toca. Do outro lado da linha uma voz rouca fala palavras desconexas as quais não consigo entender. Repito várias vezes alô, alô, indago sua identidade e não tenho retorno. A ligação cai e, por um momento, fico aguardando outra chamada, mas nada acontece. Penso que deve ser algum desocupado tentando preencher seu tempo com algo irritante...
Volto as minhas atividades cotidianas e o telefone continua mudo, enquanto o silêncio invade a casa. Passo a imaginar como o silêncio é importante em determinadas horas. Através dele, posso fazer um mergulho no meu interior e começar a dialogar comigo mesma. Abro as gavetas da alma e revisito todas. Retiro os resíduos, limpo tudo e volto a fechá-las. Em cada uma delas estão guardadas lembranças, sonhos, ilusões, fantasias, utopias. Abro-as novamente com cuidado para não perder o encanto. É como se as gavetas abrigassem cristais, finos, frágeis, que somente com muita delicadeza se pode tocar.
Resgato lembranças da infância, dos tempos idos, vividos intensamente, regidos pela inocência e ingenuidade. O afeto recebido dos meus avós, o carinho e a preocupação dos pais com o crescimento e educação dos filhos, os amigos, enfim, consigo vislumbrar a roda viva de uma família grande. As brincadeiras simples da época, sem mídia eletrônica, mas tão divertidas, criativas as quais forçavam a imaginação na busca da criação e da arte. Vivíamos num mundo bem diferente do atual. Poucos valores permaneceram na sociedade. Faço uma parada especial na minha adolescência de insegurança, medos, sonhos e amores platônicos. Esta foi uma fase bastante difícil, com mudanças efetivas no corpo, nas relações com o sexo oposto, quando se começa a enxergar o outro que passa a nos atrair. Daí, facilmente começa-se a sofrer por paixões não correspondidas. O receptáculo onde coloquei a juventude estava intacto. Os avanços, a compreensão do mundo e a profissão escolhida. A caminhada que persegui na busca do foco do que eu queria para a vida futura.
A idade adulta me deu a segurança que não tinha na adolescência o que acontece quase sempre com qualquer pessoa. A consciência da responsabilidade que passei a encarar.
Das gavetas não exalavam odores, mas os sabores e dissabores de um tempo quase esquecido. Revirei, remexi os espaços mais íngremes das gavetas para não escapar nenhuma recordação. Divaguei no silêncio e na contemplação, reorganizando pensamentos e, em seguida, fechando cada compartimento da alma numa atitude de respeito a um passado que continua a fazer parte da minha vida até hoje.
Volto à turbulência com o toque do maldito telefone. Atendo. Do outro lado da linha uma voz plena de felicidade avisa o nascimento de mais um sobrinho. Bendigo aquele chamado! Agora, o futuro está diante de mim para anunciar que o ciclo se renova, que o amor continua existir e vale a pena viver, sempre.
A MORTE DO GÊNIO DO HUMOR

O mês de março será sempre lembrado pelos cearenses. Além de, como de costume, reverenciar seu padroeiro São José, a partir de hoje, passam a lembrar de um grande cearense que ficou conhecido em todo país por sua inteligência, criatividade e humor.
A tarde do dia 23 de março se cobriu de tristeza em todo o Ceará, com o anúncio da morte do maior humorista do país – Chico Anysio. Nascido em Maranguape, região metropolitana de Fortaleza, mas ainda criança foi morar no Rio de Janeiro. Com capacidade inata e sensibilidade, tornou-se em poucos anos um apaixonado pelo rádio. Iniciou sua carreira como locutor e depois foi para a televisão e virou mito. Durante 60 anos esteve à frente de programas humorísticos, com os quais os brasileiros de norte a sul se divertiram e admiraram os seus inúmeros personagens criados com primazia por este artista.
Escritor, poeta, pintor, humorista, ator, compositor, enfim, mestre das artes. Depois de décadas trabalhando com afinco, disseminou a alegria e o riso fácil, através da TV, para toda a população brasileira. Com elegância, estilo próprio, seus personagens ganhavam vida com personalidade, atributos e características específicas. Não se tratava de caricatura, mas de homens e mulheres construídos e assemelhados a qualquer cidadão.
Seus tipos eram variados. Havia identificação deles com o povão, através dos bordões criados para cada um deles. Com senso crítico, sensibilidade, alegria e com uma dose de ironia mostravam a realidade do país, nos jargões, nas piadas e nos gestos deliciosamente bem compostos em cada representação. Sabia colocar as palavras na boca dos personagens criados na dose certa. Não extrapolava, não ia além do limite nas suas tiradas de inteligência ímpar.
Essa é uma perda irreparável de um artista tão completo e, conforme declaração dos amigos, generoso na partilha da amizade, fraterno e extremamente consciente de suas capacidades, não tinha orgulho e nem se achava o gênio que era. Procurava ajudar os colegas de todas as idades que tivessem talento. Foi o mestre de todas as gerações de humoristas do Brasil.
Havia naquele homem de alma nordestina algo diferente dos demais, próprio de sua índole e da sua gênese de homem simples, que gostava de servir o próximo. Os humoristas cearenses estão aí para comprovar que sempre tiveram o seu apoio e ajuda, no sul do país ou na terra de Iracema.
Lágrimas copiosas estão sendo derramadas por conterrâneos, amigos, admiradores, fãs com saudade e a certeza de que como ele mesmo revelou: “Nós os humoristas somos insubstituíveis”. Realmente ele tinha razão. Talvez daqui a um século não tenhamos um artista do seu quilate. Maranguape perdeu o seu mais ilustre filho! O Ceará está de luto. E porque não dizer que também o Brasil inteiro está órfão...
MARACATUS

Lembro-me da época de carnaval da minha infância. Próximo a nossa casa morava um integrante de uns dos maracatus, se não me engano, “Rei de Paus”. Os ensaios que antecediam o carnaval passavam pela rua. Parava em frente à residência do rapaz. Ele saía vestido a caráter, com roupas maravilhosas, uma vez que ele era a Rainha do referido Maracatu.
Os meus olhos de criança ficavam extasiados quando aquela rainha imensa entrava no bloco já dançando, naquele ritmo cadenciado dos maracatus. Era uma cena inesquecível. As fantasias volumosas e ricas em adereços. Homens pintados de tinta preta, com apenas os olhos descobertos e a boca, pintada de um vermelho escarlate. O rei e a rainha se destacavam com suas belíssimas coroas de pedras em diferentes cores, cravejadas num metal dourado.
Cada ala tinha suas respectivas peculiaridades. Cestos enormes com frutas enfeitavam a cabeça de alguns participantes. Outros traziam cachimbos na boca representando o preto velho geralmente por um casal já idoso. Havia também crianças que se vestiam com o figurino da agremiação. A música tinha característica própria, usava instrumentos musicais direcionados para produzir o ritmo desejado. Emitiam um som pausado com leveza, porém com certa melancolia. Os maracatus dançavam obedecendo a cadência. Faziam movimentos variados, rodopiavam com suas saias brancas, rendadas e longas. O espetáculo se repetia todos os anos.
A Av. Visconde do Rio Branco, pertinho da casa da rainha, ficava tomada por curiosos e também pelos amantes do carnaval. Assistíamos um teatro a céu aberto. O povo aplaudia com sorrisos largos, aprovando a beleza do bailado.
A origem dos maracatus remonta da África com a chegada dos escravos ao Brasil. Os negros cantavam e dançavam suas canções com a tristeza e a saudade que sentiam do país além mar. O nosso país acolheu os irmãos que junto com os portugueses deram início a diversidade de raças e costumes.
Na realidade, a cada ano relembro dos momentos prazerosos que passei na infância, quando me deliciava com aqueles maracatus que até hoje povoam minha memória.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PAIXÃO DESVAIRADA

O mar é grandioso, absoluto! O nosso olhar fica magnetizado diante de tanta imensidão. A vista não consegue ultrapassar o horizonte distante, milhas e milhas do lugar de onde nos encontramos. No entanto, os nossos pensamentos navegam com as ondas brancas e agitadas, pulando como criança nas brincadeiras frenéticas.
Há poucos dias atrás, tive o privilégio de exercitar o meu olhar frente a um mar azul, às vezes esverdeado, com ondas branquinhas indo e vindo até a praia. Barcos, jangadas e navios passeavam lentamente a minha frente, como se estivessem perdidos no tempo, apenas apreciando a beleza do oceano. Do 14º andar do apartamento do hotel me sentia quase flutuando ao mirar a beleza infinita desta obra do Criador. Como somos pequenos diante dessa maravilha! Não havia computador no quarto para que eu pudesse expressar as emoções vindas em turbilhão. Havia algo represado no meu coração que segurava as palavras que não podiam ser escritas para traduzir o momento presente. Andava pelo quarto todo e, sem me dar conta, chegava novamente à janela e ficava diante do mar. Parecia hipnotizada. Embevecida com a aragem que soprava vindo do norte e ia me inebriando com o frescor que me dava arrepios, viajava em pensamentos e os sentimentos ficavam à flor da pele.
Desde garota tenho paixão desvairada pelo mar. Eu mesma não entendo, uma vez que nasci no sertão quente, seco e com pouca água. Quem sabe se esse amor pelas águas revoltas do oceano não seja a lacuna que precisa ser preenchida para sacudir o meu viver? Sou uma pessoa movida pela paixão em tudo que faço ou abraço. Ela me motiva, me desperta, tira-me da sonolência, da indolência. Por isso, o mar me seduz, me empurra para seus braços vigorosos e desperta em mim o medo pela sua imponência e seu poder assustador.
Como curti esses dias!... Como viajei sem sair do quarto do hotel! Quantas sensações foram experimentadas! Quantas emoções e sentimentos arrebatados e, ao mesmo tempo, refreados. Exercitei meu olhar em todas as direções e o fiz com persistência, percebendo cada detalhe daquele oceano, da paisagem e do belo cenário que teimava em me seduzir e me deixar em êxtase, como faz com os verdadeiramente apaixonados.
Oxalá pudesse repetir esse exercício sempre, para nunca perder a emoção de me ”enamorar” do mar e estar permanentemente consciente da imensa paixão que ele me desperta!
FIM DE TARDE

O sol se perdeu preguiçosamente no horizonte, ao cair da tarde. Na praia, havia ainda alguns banhistas que se deliciavam com o pôr-do-sol. O alaranjado do céu refletia-se na imensidão do mar e formava raios dourados que deslizavam como espelhos sobre as ondas branquinhas.
As pessoas iam e vinham caminhando na orla marítima com seus corpos suados, com malhas apertadas ou moletons bem folgados. Em passos apressados movimentavam a avenida. Outros corriam como se estivessem sem rumo, com pressa, em busca da perfeição dos corpos. Enquanto isso, homens e mulheres malhados, espalhados na areia observavam o fim do dia, exaltando a beleza e a maravilha da estrela que se despedia de mais um dia quente.
Hoje, observa-se uma verdadeira “psicose” nas pessoas por um corpo “sarado”, esteticamente apresentável para se sentirem aceitos pela sociedade vigente. Os valores mudaram completamente. O tipo da mulher apreciada no momento é alta, retilínea, magra, com seios e nádegas avantajados, mesmo à custa do silicone, não importa. E o homem, com músculos definidos, barriga de “tanquinho”, um porte aceitável, além de elegante. É este o padrão estabelecido, aceito socialmente.
Nesse fim de tarde, meu olhar se debruça sobre o mar, seus frequentadores e reflito acerca das mudanças ocorridas nesses anos do século XXI. Vejo a transformação dinâmica e célere que vem acontecendo através de gerações. Tudo parece ter se tornado velho, antiquado, obsoleto. De certa forma sim, mas nem tudo precisaria de tanta modernidade. Existem princípios, valores, normas que uma sociedade tem obrigação de preservar. Gosto do novo, do diferente, da criatividade, todavia o bom senso deve sempre prevalecer face às mudanças, por vezes, obsessivas.
Assim, embora curtindo a paisagem estonteante à minha frente, não deixo de observar, analisar e refletir sobre os modismos que sempre aparecem como uma onda gigante tentando encobrir alguns aspectos da vida de importância fundamental no equilíbrio e na sensatez dos atores sociais.

domingo, 1 de janeiro de 2012

ANO NOVO: ESPERANÇAS RENOVADAS

Avançamos mais um ano no novo milênio. Agora, chegaremos a 2012. O ano que termina vai se esvaindo lentamente e os sonhos não realizados vão juntos, descendo ladeira abaixo, acompanhados de decepções ou mesmo, desilusões. Por outro lado, podemos computar as realizações que alcançamos, os projetos que deram certo, enfim, existe também, uma dialética para a vida.
Vivenciamos dias calmos, serenos, tranquilos que nos fizeram felizes e identificamos, em alguns momentos, a tão almejada felicidade. A nossa luta diária, correndo contra a corrente, nos ajudou a obtermos o verdadeiro significado para nossos atos e atitudes que foram importantes no trajeto percorrido até aqui. Mas o tempo traz também algumas tempestades que, por vezes, nos arrebentam e nos tiram do eixo. Nesses momentos, precisamos de força e bom senso para escolher o melhor caminho a seguir, direcionar o foco para o que queremos de verdade. A vida nos surpreende a cada minuto.
As esperanças, os sonhos, as emoções, os afetos se renovam no início de cada ano. Todo ser humano parece ficar revestido de uma aura, que através de uma luz invisível vinda dos céus nos deixa plena de uma absoluta certeza de que o ano será mil vezes superior ao que passou.
As luzes acesas e o barulho dos fogos nas ruas dão a dimensão da noite mágica, da virada do ano. O Novo Ano se achega com vibrações e uma energia positiva. Todos elevam o pensamento pedindo um ano melhor, mais justo, sem violência e que a paz reine no coração dos viventes. Com essa perspectiva iniciamos a caminhada de mais 365 dias, tentando buscar a felicidade.
TEMPO DO NATAL

Estamos às vésperas do Natal. Nas ruas as luzes brilham reluzentes em cores intensas e variadas. O calor abrasador do mês de dezembro faz as pessoas andarem com mais rapidez em busca de presentes e iguarias para a ceia da noite em que o Menino-Deus reinará absoluto nos corações dos homens. No meio da festa em família, todos farão uma pausa para reverenciar Jesus que chega humilde e se reveste da condição humana para viver e cumprir a sua missão aqui na terra. O verbo se fez carne e habitou entre nós, assim dizem as escrituras.
Esse é um tempo de reflexão, de introspecção, para todo cristão. Reavaliamos nossa trajetória e repensamos o que fizemos, no sentido de verificar o que conseguimos atingir de positivo e, ao mesmo tempo, os pontos frágeis da nossa caminhada. Cabe a nós desenhar metas ou propósitos consistentes para tentar fazer o melhor no ano que está para nascer. Assim, os sonhos e as esperanças voltam a fazer parte do nosso cotidiano. Vislumbramos um cenário novo com oportunidades e perspectivas diferentes.
Mais um ano se aproxima. Um ciclo se esvai. Percorremos caminhos tortuosos, levamos quedas, nos decepcionamos com alguma coisa que não deu certo. Agora, precisamos acreditar em nós mesmos para enfrentar os novos desafios, com que provavelmente iremos nos deparar. Para que isso se concretize, esqueçamos o passado. Joguemos fora nossas dificuldades, angústias e dores que impediram o crescimento. Entremos na nave do esquecimento e embarquemos em uma máquina mágica que nos conduzirá, com certeza, em busca de horizontes desconhecidos.
Acreditemos que 2012 será diferente, bem melhor! Mas precisamos arregaçar as mangas e lutar por aquilo que desejamos e priorizamos para nossa vida futura. Estaremos serenos, segurando nas mãos os sonhos que acalentamos para torná-los verdadeiramente realidade.
CONFRATERNIZAÇÃO NATALINA

Estamos na semana do Natal. No calendário litúrgico tempo do Advento - tempo de espera. Momento em que nos preparamos para renascer com o Deus-Menino. Fazemos uma parada para repensarmos nossas ações e atitudes vivenciadas no decorrer do ano que finda. Essa reflexão nos leva a traçar caminhos novos, palmilhados de esperanças que vão nos direcionar para um verdadeiro renascimento.
A magia do Natal nos sensibiliza. Ficamos mais atentos aos sentimentos que afloram numa época de tamanho significado para a humanidade. Olhamos com mais amor tudo ao nosso redor e esquecemos um pouco o nosso egoísmo. Apesar do apelo ao consumismo, esse tempo mexe com o espírito e a alma. A nossa existência se enche de encantos, sonhos e desejos. A chegada do Menino-Deus vai trazer alento para a vida de cada um de nós.
Hoje, aqui reunidos nesta confraria de ajebianos, vimos nos confraternizar. Num primeiro momento, queremos agradecer a Deus o ano que nos concedeu. Depois, a oportunidade de exercitarmos a fraternidade num ambiente de harmonia, generosidade e amizade entre sócios efetivos e colaboradores. Podemos agora, visualizar cada momento em que estivemos juntos na partilha de saberes, das emoções, dos sentimentos e que nos fizeram crescer como intelectuais que somos e, acima de tudo, como pessoa humana. No que produzimos e construímos contamos sempre com a colaboração dos colegas que nos prestigiaram nos lançamentos de livros, nos eventos de cunho social e literário, enfim, dando-nos apoio em todas as ocasiões.
Neste cenário revestido de luz, harmonia, religiosidade e paz renovam-se os nossos mais recônditos sonhos, acreditando que nossa vida seguirá sempre em frente, no rumo certo, cada vez mais consistente no propósito de estar sempre se renovando, e com ousadia trilhar a estrada literária de forma mais prazerosa.
Que em 2012, repensemos a AJEB, com a ajuda de todos os seus participantes, no sentido de aperfeiçoar a dinâmica das reuniões e de incrementar novas iniciativas no campo literatura com vistas a favorecer a busca e troca de conhecimentos sobre nosso fazer literário.
Em nome da Presidência e Diretoria desejamos a todos um Natal e um Ano Novo pleno de realizações, saúde e harmonia no âmbito familiar, bem como uma vasta produção no exercício diário de suas escrituras.