sábado, 22 de outubro de 2011

Professores e médicos

OBRIGADA MESTRES!

Ter vocação para desempenhar determinado ofício é uma graça divina, principalmente quando se faz da profissão um momento especial para ajudar os outros ou minimizar o sofrimento de alguém. Existem profissionais abnegados que se dedicam prazerosamente ao seu trabalho cotidiano, e o fazem de tal forma com competência, que chegam a causar admiração. Esses profissionais não chegam a ser um número estatisticamente alto, mensurável, porque em todas as categorias existem bons e maus profissionais. Na verdade, eles estão aí nos consultórios, nos hospitais, nas clínicas, nas escolas, fazendo sua parte e encarando a vida de frente, sem constrangimentos.

No último dia 18, comemorou-se o Dia do Médico. Um dos profissionais de maior importância para a sociedade, assim como o professor, que também é homenageado neste mês. Ambos reconhecidamente necessários, no entanto, nem sempre reconhecidos pelo poder público da relevância de suas funções. As políticas públicas não são suficientes, no sentido de atender às demandas e contribuir para o exercício de práticas exitosas a fim de que estas categorias alcancem seus objetivos com relação ao atendimento à população.

Conheço médicos e professores altamente qualificados, responsáveis e que, no dia-a-dia, se dedicam de modo inigualável para fazerem sempre o melhor para os que dependem de sua assistência. Preocupados com o crescimento, passam a vida estudando, participando de congressos, cursos de aperfeiçoamento, seminários, com o intuito de se atualizarem, porque a cada dia aparecem novidades nos respectivos campos em que atuam, bem como precisam estar antenados com as novas tecnologias. Poderia enumerar alguns deles, pois os conheci e os admiro pela entrega e a forma como conduziram com ética e competência no seu ramo de atividade. Há anos passados conhecemos homens como Paulo Freire, Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Haroldo Juaçaba, Marcelo Martins Rodrigues, Pontes Neto, Régis Jucá, que deixaram exemplos de dignidade ao encararem a profissão como verdadeiro sacerdócio.

E para fazer justiça, gostaria de homenagear os profissionais que passaram ou estão passando pela minha vida, pelos os quais tenho o maior carinho, respeito e deferência: Consuelo Magalhães, Eunice Bastos, Zilma Nóbrega, Célia Cirino, Elvis Barbosa e Claudio Pinheiro. São exemplos de cidadãos íntegros e possuidores de uma humanidade no trato e no relacionamento com seus alunos ou pacientes, porque exercem ou exerceram a profissão com amor.

Obrigada, Mestres, por terem sido vocacionados para ofícios tão significativos e se entregarem por inteiro, para servir o outro, sempre com um sorriso nos lábios e uma palavra generosa de incentivo e esperança.

Evan Bessa
evanbessa@terra.com.br
Pedagoga

sábado, 8 de outubro de 2011

O Mar e sua Beleza

Todas as manhãs o sol nasce e com o seu calor aquece a Terra e seus habitantes. O Ceará é conhecido pelo clima quente, abrasador. A luz do sol está presente em cada canto durante o ano inteiro. Esta é a razão porque turistas de toda parte do Brasil e até do exterior procuram nossas praias para o “repouso do guerreiro”.
O mar atrai os visitantes diante de belas falésias que recortam a paisagem exuberante, enchendo os olhos de quem aprecia. Ademais, a delícia do banho de mar entre ondas brancas que se confundem com capuchos de algodão. Ora, saltam agitadas em movimentos, como pássaros voando para o céu, ora escorrem de mansinho na areia, permitindo ao banhista um prazer quase divinal. A dança constante das águas em ebulição parece imprimir um ritmo que seduz homens, mulheres e crianças.
A beleza do mar inspira os enamorados, os poetas, que ficam embevecidos ante o esplendor da natureza. O mar esconde seus mais recônditos mistérios e ninguém consegue decifrá-los. Encanta os visitantes pela sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, mostra sua altivez e fúria causando receio a quem, desavisado, adentra em suas águas.
A quentura eleva a temperatura das águas e dos corpos que se deliciam com um banho reparador. A água salgada transmite a energia que se necessita para recompor forças. Quem dispensa um dia de lazer frente ao mar de águas azuis e, às vezes, de um verde esmeralda estonteante? Ninguém!
A presença do Criador do universo se levanta diante de tanta beleza e nós, seres humanos, passamos a refletir sobre o milagre da criação.
ECLETISMO DO ROCK IN RIO 2011

Neste domingo, 02 de outubro de 2011, encerra-se mais um Rock in Rio. Dez dias de pura adrenalina e emoção! A cidade do Rock foi devidamente preparada para receber milhares de espectadores, ídolos nacionais e internacionais e promover o maior festival da terra, como afirmam alguns. Uma festa que contou com a presença de várias gerações: adultos, jovens, adolescentes e crianças acompanhadas de seus genitores.
Durante essa temporada, aconteceram shows espetaculares, em termos de técnica, luz e som. Tudo organizado com o máximo cuidado por pessoas altamente gabaritadas, que montaram uma estrutura para atender à demanda. Vários palcos foram levantados ao longo da cidade do Rock, além de camarins para receber as estrelas, bares, ambientes reservados para os convidados vips, enfim, uma verdadeira parafernália em função de um evento de tamanha envergadura.
O festival caracterizou-se pelo ecletismo: rock pesado, axé, MPB, hip hop, música latina, dentre outros ritmos. Logo na abertura do evento, foi feito uma homenagem pelo cantor Milton Nascimento ao líder da banda inglesa “Queen” Freddie Mercury, com a música “Love of my Life”, com a qual no Rock in Rio de 1985 ele levou o público ao delírio. No primeiro dia, apresentaram-se no palco principal o inglês pop Elton John, Rihanna e outras divas do mundo da música. Fizeram apresentações inesquecíveis. Nos demais palcos ouviam-se músicas de todos os matizes e para todos os gostos.
O evento pareceu um dos mais democráticos. Bandas estrangeiras e nacionais, bem como cantores da terrinha se apresentaram, levando a platéia ao êxtase. As bandas inglesas, australianas, e outros artistas internacionais fizeram o público levantar a arena do Rock. O americano Stevie Wonder cantou de Garota de Ipanema aos seus maiores sucessos. As vozes da multidão, em coro, vibravam como cordas metálicas. Pura emoção!
Outro momento que sensibilizou os presentes foi a homenagem ao roqueiro Renato Russo. Os amigos se reuniram para cantar suas canções mais conhecidas. A platéia respondia emocionada.
As bandas Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana, Skank, Titãs, Capital Inicial procuraram seduzir o público com a magia das letras e sons de suas músicas.
Com a receptividade dos fãs ao Rock In Rio, Roberto Medina já confirmou o próximo para 2013. A cidade do Rio de Janeiro vai repetir a dose e receber turistas e artistas do mundo inteiro, para a realização de um evento que, sem dúvida, trará divisas para o Estado.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Arte de ser Poeta

O poeta é deveras um sonhador. Outros afirmam que é um fingidor. Quem pode saber a verdade? O certo é que ele consegue abstrair-se da realidade concreta e voar em seus pensamentos pelos mais longínquos lugares. Junta as palavras, separa-as, embaralha-as, seleciona-as para demonstrar emoção, dor, alegria, tristeza, sofrimento... As idéias vão se reunindo como mosaicos que se juntam para representar o desenho que pode emocionar quem vê.
Há pensamentos expressos na tessitura dos poemas que facultam ao leitor se apropriar e se identificar com o texto. Surge, de repente, uma troca espontânea, uma verdadeira simbiose. Às vezes, essa intimidade os aproxima no compasso das palavras que conjugam um verbo dolorido, sofrido, naquele momento, ou sentimentos e emoções positivas que lhe dão alento. O sentimento dito com uma carga de emoção, de forma própria, diferente, metafórica, conduz a caminhos e travessias conhecidas ou não, mas que tocam profundamente no íntimo de quem se delicia com a leitura.
Geralmente, os poetas conseguem imprimir no seu texto uma carga emocional que reflete a condição psicológica do instante presente. Joga com os vocábulos tentando buscar sentido ou a palavra certa para expor o pensamento que toma conta de seu cérebro, comandado pelo coração.
Não acredito em poesia por encomenda, porque para escrever um poema tem que se ter sentimento, sensibilidade, além de trabalhar a idéia, burilá-la, misturando emoção e razão para traduzir todo o encantamento que invade a alma naquela ocasião.
Sonhos, desejos, melancolia são, quase sempre, ferramentas que desencadeiam cascatas de emoções e palavras que se conectam e vão construindo uma poesia mais intimista, ditada pela subjetividade e introspecção. Todavia, ela pode apresentar o lado bom da vida, com tom colorido em todas as nuances possíveis.
O grande poeta contemporâneo Ferreira Gullar fala o seguinte: “Escrevo para ser feliz, para me libertar do sofrimento, não para sofrer. É a alquimia da dor em alegria estética. Mesmo quando a coisa é doída, amarga, naquele momento a transformo no ouro que é o poema”.
Vê-se, portanto, que ser poeta é uma arte. Arte essa onde o artista dispõe com beleza seu poema, traduzindo o estado da alma, através de uma metamorfose de idéias e de palavras carregadas de sentimento.
SAUDADES DO MEU PAI

O mês de agosto não acho muito simpático. Devo ter sido influenciada pelo o que diz a sabedoria popular: “agosto mês do desgosto”... Não acredito piamente nessa assertiva porque, em qualquer mês do ano, ocorrem fatos bons e ruins para toda a humanidade. No entanto, por incrível que pareça, tenho motivos para comemorar. Meus irmãos – o primogênito e o caçula nasceram em pleno luar de agosto. São pessoas que representam uma importância fundamental na minha vida. Amigos, companheiros, probos de caráter, íntegros na melhor acepção da palavra. Muito me orgulha ter laços sanguíneos e proximidade afetiva com ambos.
Outro motivo de alegria é a Homenagem aos Pais, que se realiza no segundo domingo do mês em questão. Apesar de não ter mais meu pai junto de mim, tenho uma saudade imensa do Ser Humano que fez parte da minha história. Meu pai era uma pessoa especial em todos os sentidos. Amava a família acima de tudo. Queria sempre o melhor para os filhos. Não tinha vaidades, mas gostava que seus filhos tivessem uma boa educação doméstica, bem como excelente formação e preparo intelectual. Valorizava o estudo e nos incentivava a atingir os nossos objetivos e desejos. Ensinava-nos a correr atrás dos nossos sonhos, sem derrubar ninguém. Lutar pelo que acreditávamos.
Lembro-me bem, quando dizia de cor poemas dos grandes poetas brasileiros: Castro Alves, Raimundo Correia, Padre Antônio Tomás, Gonçalves Dias, dentre outros. Seus olhos brilhavam recitando peças de autores da literatura nacional, com tanta expressividade. Parece que queria nos motivar à leitura e mostrar que a arte faz parte da vida do Homem. Quantas vezes ele me surpreendia cantando baixinho: “Conceição/ Eu me lembro muito bem/ Vivia no morro a sonhar/ Com coisas que o morro não tem”. Nesse instante, minha memória afetiva resgata sua voz calma e seu jeitinho de cantar passando a mão na cabeça. Em outras ocasiões, ele balbuciava músicas próprias do sertanejo: “Eh! boiadeiro que a noite já vem/ Leva o teu gado e vai pra junto do teu bem”. Era uma pessoa curiosa. O Hino Nacional da França ouvi, pela primeira vez, da sua boca: “Allons enfants / De la Patrie”/ Le jour de glorie est arrivé/. Ficava impressionada! Na minha inocência de criança, não podia acreditar que ele soubesse um hino de um país tão distante.
Não era um intelectual. Teve poucos anos na escola, todavia lia jornais, revistas, livros, as famosas Seleções que na época eram muito apreciadas. Sua admiração pela política ele não escondia. Ainda muito jovem experimentou o ofício, como vereador, e logo veio a se decepcionar. A lógica da política não combinava com sua lógica, (se é que existe), seus princípios e valores morais, éticos. Saiu do palco, mas gostava de assistir as peças que a política do interior encenava. Sempre respeitou as opiniões dos amigos partidários.
Seu maior ideal era o trabalho e o amor à família. Exigia dos filhos obediência, respeito, dedicação aos estudos e, em troca, nos proporcionava dentro das suas possibilidades, como comerciante e fazendeiro, as melhores oportunidades para o crescimento integral.
Ah! Como o tempo passa rápido e deixa no peito marcas profundas! A saudade é um sentimento que envolve a alma e deixa cicatrizes. O amor paterno amoroso, duradouro, fincou nas entranhas do meu ser e, nem a morte nos separou. Sua ausência é uma eterna presença no meu cotidiano. Quando tomo as mais simples decisões recordo imediatamente do seu bom senso, de como reagiria naquele instante. Sua memória será sempre lembrada e reverenciada pelos filhos, netos e bisnetos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

NAVE VELOZ

Nave que cruza o espaço
E seu brilho ofusca no ar,
Pega a lua com um só laço
E me traz para louvar.

Nave que cruza o espaço
Ágil e leve sobe depressa,
Vai buscar o sol num abraço
Pois nunca mais vou ter pressa.

Nave que cruza o espaço
Com a velocidade da luz,
Me pega então pelo braço
E às estrelas me conduz.

Nave que cruza o espaço
Ave! Canta a mesma canção,
E grita como cordas de aço
Para meu sofrido coração.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

COLIBRI

O colibri, de cima do galho, riu de mim.
Olhou-me com certa ironia.
Mal sabia ele, que enfim,
A felicidade agora me sorria.

Tentei assustá-lo do galho
Mas seu olhar me perseguia,
E meu ato intempestivo, falho
O fez encarar minha alegria.

O pássaro resolveu voar bem alto
E eu parti com ele pelos ares,
Alcancei a distância e incauta
Sobrevoei as águas claras dos mares.

A viagem não durou muito tempo,
Caí na tempestade de ilusões,
Confusa, fechei-me ao som do vento
E acabei ouvindo as mais belas canções.

Por que o colibri me deixou atônita,
Foi seu olhar que me seduziu?
Ou porque aquela canção ao vento saltita,
No meu peito que ele mesmo ungiu.

terça-feira, 28 de junho de 2011

MÚSICA DE UMA GERAÇÃO

Agora mesmo me surpreendo cantarolando: “E por falar em saudade/ Onde anda você/ Onde andam seus olhos/ Que a gente não vê/ Onde anda esse corpo/ Que me deixa louca/ De tanto prazer” (Vinícius de Moraes/Hermano Silva e Toquinho)... Por que será que esta canção me veio à cabeça involuntariamente? Lembro-me, agora, Maria Creusa, cantora baiana, cantando com sua voz suave e melodiosa, nas décadas de 60 ou 70. Época em que no país surgiram as mais belas músicas de compositores como Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil e de alguns outros.
A produção musical dos autores citados marcou um tempo importante de mudanças sociais e de comportamento no Brasil. As letras tinham conteúdo, beleza, complexidade e profundidade. As melodias não ficavam atrás. Tinham significados que enlevavam a alma e os corações enamorados. A safra de cantores e compositores foi bastante generosa. Eles ainda estão no páreo, mas com uma produção escassa que não atende às necessidades de mercado.
Não me considero uma pessoa saudosista, embora aprecie, de vez em quando, retomar o passado, mas com objetivo de alinhar melhor o futuro. Também é bom salientar que vivo mais o presente com todas as suas nuances, porque o aqui e o agora me interessam.
Que tipo de música a gente escuta hoje? Uma música cujo objetivo é vender milhares e milhares de CDs e DVDs. Ouvimos o axé, a música religiosa, sertaneja, rap, forró, dentre outros ritmos sem muita expressão. As letras são, na maioria das vezes, pobres, sem essência e substância. O que se pretende é que as pessoas joguem as mãos para cima e mexam o corpo com frenesi.
Minha geração teve mais sorte nesse particular. O romantismo era cantado em prosa e verso, com um colorido multifacetado que dava margem para sonhos e fantasias ao se embalar nessas músicas. Não se tratava de alienação porque as letras e palavras transmitiam sentimentos puros e idéias relevantes.
E agora relembro: “Naquele bairro afastado/ Onde eu criança vivia/ A remoer melodias/ Numa ternura sem par/ Passava todas as tardes/ Um realejo risonho/ Passava como num sonho/ Um realejo a tocar.../ (Custódio Mesquita e Sadi Cabral).
“O meu amor tem um jeito manso que é só seu/ E que me deixa louca quando me beija a boca/ A minha pele toda fica arrepiada/ E me beija com calma e fundo/ Até minh'alma se sentir beijada” (Chico Buarque)
Você percebe o nível de criatividade, romantismo e elegância da canção acima.
Vejamos uma amostra do axé baiano: “Dói um tapinha não dói” (Tapinha); ou essa outra:
“Beijo na boca é coisa do passado/ A moda agora é/ Enamorar pelado “ (Beijo na Boca)
Que diferença! Parece que agora a ternura, o amor, o sentimento inexistem e a grosseria impera. Será se estou equivocada? Tire suas próprias conclusões...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

RECORDAÇÕES DE TEMPOS VIVIDOS

Estamos caminhando para o final do mês de junho. A mídia se encarrega de mostrar a alegria reinante nas festas juninas espalhadas por todo o nordeste. Não consigo sintonizar com toda essa animação. Parece que estou flutuando no ar... Fico imaginando em outras épocas, em que estas festas me enchiam de prazer. Nunca fui de dançar quadrilha, mas adorava assisti-la e me divertia muito.
Hoje, já não sinto vontade de participar de tal evento. O tempo passou e eu mudei. Talvez porque não tenha mais junto de mim, pessoa da minha família que, como eu, adorava as comemorações e, agora, se encontra em outro plano.
Lembro que minha mãe vibrava com a festa dos seus Santos prediletos: Antônio, João e Pedro. Para cada um tinha sua devoção especial. Era também o mês de seu aniversário, exatamente no dia 29 de junho – Dia de São Pedro.
Como ela gostava de receber os filhos, netos, genros e nora! Não que houvesse festa, no entanto, era um momento de reunir a família. Isso já lhe trazia uma enorme satisfação. Quando íamos para a casa de praia de minha irmã para comemorar essa data, ela ficava radiante. Ouvia as músicas em volta da fogueira, frente à mesa farta de comida e bebida. Virava criança! Queria provar das comidas típicas, nem que fosse um pouquinho. Mamãe era uma figura! Se estivesse com os filhos próximos sentia-se regozijada, nada lhe dava mais prazer e alegria do que estar com sua prole. Como quase todas as mães era muito apegada a todos nós.
Quando casei, mamãe custou a se conformar, pois achava que eu ia ficar solteirona sob sua proteção. Ela sempre foi insegura, carente, precisava a todo o momento que os filhos estivessem por perto. Mal sabia que ela é que era o nosso Porto Seguro...
Por isso, neste mês, fico a me perguntar por que não consigo me motivar para os festejos. Como diz o ditado popular: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Talvez haja uma explicação plausível, porém ainda não pude atinar toda a complexidade.
Dia de São Pedro vou meditar sobre a vida desta senhora que viveu quase 90 anos, plena de alegria e curiosidade por tudo que a cercava. Quem sabe, se lá onde se encontra não esteja em festejos com toda a corte celeste! Pois, agora, lembrando sua imagem, vejo-a iluminada, com um sorriso tímido nos lábios, abrindo os braços para enlaçar todos nós, seus filhos, com afeto e muito amor. Este gesto e o seu olhar diziam-nos coisas do infinito, dada a sua sabedoria e perspicácia.
Minha memória afetiva está presa a lembranças de um passado que teima em não me deixar...
A FINITUDE DO HOMEM

A morte é solitária... A gente nasce e morre sozinho... Não sei se estas assertivas se conjugam como verdade! De certa forma, sim, mas não na sua totalidade.
O ser humano passa a vida pensando que sua existência é infinita. Vive-se o presente, lembra-se do passado, mas para o futuro não se pensa na possibilidade da morte, pelo menos a curto ou médio prazo. Procura-se, então, não refletir sobre a finitude do homem. Não há tempo para se debruçar sobre a fugacidade da matéria, sobre os mistérios da existência.
A palavra “morte” tem carga muito pesada. Em seu bojo se esconde a perda, a tristeza, a dor, o sofrimento, enfim, tudo o que ninguém quer para si. O sentimento que a palavra imprime não traduz o que realmente almeja qualquer criatura. É mais cômodo não se pensar que se caminha na direção dela.
São Francisco a chamava “Irmã Morte”. Devia considerá-la com a mesma fraternidade que pregava: Irmão Sol / Irmã Lua, ou da mesma forma que falava com as aves e a própria natureza. Os seres humanos não são capazes de entender um gesto de tanta nobreza e espiritualidade! Somente uma pessoa especial, um santo, teria uma atitude tão simples para encará-la.
O Salmo diz: “O homem é semelhante ao sopro da brisa, seus dias são como a sombra que passa”.
Passa-se a vida inteira lutando para se construir um amor, elos de amizade, bens, crescimento pessoal e profissional, viver bem, atingir metas, nunca imaginando que não se vai realizar. Porque não se dá conta que o tempo vai passando e, a cada dia, subtraindo a passagem pela terra.
Muitas vezes, no auge da caminhada, ela aparece, rondando, perscrutando como a querer ceifar uma vida ainda plena e promissora. É uma realidade que ninguém quer admitir. Por isso, quando alguma criança ou jovem partem mais cedo é difícil aceitar. Pois custa até se admitir que os idosos possam fazer sua viagem definitiva, uma vez que já palmilharam uma estrada longa.
A morte ainda é um Mistério para o homem. A dimensão desse mistério envolve uma gama de indagações, contradições, dúvidas que não se sabe como discernir à luz da razão. Somente através da fé, ou da força interior de uma crença, da espiritualidade inerente à pessoa humana, se pode tentar entender com certa dificuldade.
No entanto, tem-se que compreender que ninguém está neste mundo para semente, como se diz. Essa é uma viagem que todos vão fazer, só não se sabe qual é a “parada” em que o passageiro deverá descer.
Ele, com certeza, vai descer sozinho, embora esteja acompanhado de tantos outros passageiros.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

AS SANDICES DO MEC

A vida, a todo o momento, nos surpreende com algo inusitado. Dessa vez, me deixou verdadeiramente perplexa. Nunca imaginei poder presenciar tamanha insanidade partindo de um órgão público. Pois bem, o Ministério da Educação do Brasil – MEC – distribuiu com as escolas do país um livro cujas frases / orações aparecem assim: “nóis vai”, “nóis fica”; “peguei os peixe”. Inconcebível em se tratando do uso correto da gramática. As escolas são oficinas de formação do educando, principalmente, no que diz respeito a ensinar a ler, escrever e contar, mesmo assim, nem isso estão conseguindo realizar. Imaginem agora, submeter alunos, seja lá de que idade, a grafar incorretamente tamanhas barbaridades. Na linguagem coloquial entre “menos letrados” pode-se até aceitar esse palavreado numa conversa informal, oralmente, no entanto escrever é outra história.
Não posso conceber à luz da razão que assassinem a língua pátria dessa forma. A função do MEC deveria ser de salvaguardar os princípios fundamentais da arte de escrever corretamente.
O nosso país vive um momento delicado no tocante à educação. As estatísticas estão aí para comprovar a péssima colocação do Brasil entre países de pouca expressão, que conseguiram avançar mais do que o nosso. Todos sabem que não existe interesse por parte do poder público em preparar adequadamente gerações futuras com uma educação de qualidade. Povo informado, educado, cidadão consciente dos direitos pode atrapalhar o andamento das metas fixadas pelo governo, por políticos e autoridades, que só o enxergam como eleitores.
A denúncia dos desmandos, da falta de compromisso das autoridades com as políticas educacionais se constitui fatos palpáveis no dia-a-dia. É vergonhoso o desrespeito à educação no país. A preocupação com o futuro das gerações fica à mercê da sorte, do destino...
Não sou “expert” na gramática, pois, uma vez ou outra, escorrego no uso de suas regras, por falta de atenção ou, mesmo, por dúvida, mas não aprovo os argumentos “fajutos” do MEC na adoção de tais sandices. Só apelando para uma Divindade maior a fim de que o Ministério da Educação atente para suas verdadeiras competências e atribuições.

Evan Bessa – Pedagoga
evanbessa@terra.com.br

terça-feira, 10 de maio de 2011

DIA DAS MÃES
Acordei, lembrando de você, mamãe! As recordações vieram em cascatas como cachoeira derramando-se no alto do despenhadeiro. Nesses momentos, a gente se sente vulnerável, insegura e com a emoção à flor da pele. Tudo isso porque você não está mais comigo. Todos festejam o Dia das Mães e eu aqui sozinha experimentando uma saudade dolorida.
Saudade palavra que tem um peso semântico muito forte e traduz uma carga emotiva significativa. Vocábulo que não existe em outro idioma. É a saudade, hoje, que me acompanha, segura minha mão a todo instante e não me deixa lhe esquecer... Plagiando o que disse Roberto Carlos: “Você é a saudade que gosto de ter/ Só assim/ Sinto você mais perto de mim/ Outra vez”. É o consolo para sair da tristeza de não poder lhe abraçar, beijar e repetir sempre, como fazia quando você estava no plano terreno, o refrão: Eu te amo!!! Lembro que você ficava manhosa como uma criança ao ser acariciada, e o sorriso aparecia nos olhos miúdos e nos seus lábios. O rosto ficava corado como de uma adolescente ao encontrar alguém importante para o seu coração.
Chega-me agora tanta coisa que me faz sentir a sua ausência. O cuidado que devotavas a cada filho era exagerado. Como queria defender suas crias dos problemas, das dificuldades da vida! Se um filho adoecia, podia ser um adulto, a preocupação era a mesma de quando éramos crianças. Ficava telefonando a cada hora, ensinava remédios caseiros, acompanhava tudo de perto. Mesmo com a idade avançando você não perdia a fixação pelo bem estar dos filhos.
Quando meu irmão sofreu um AVC e ficou imobilizado em cadeira de rodas, você dizia: Por que não foi em mim? Eu já estou velha. Ele vai ficar bom? E indagava a quem se aproximasse sobre a cura do filho. Permanecia ansiosa querendo estar a par do tratamento. Falava com a fisioterapeuta, com a fonoaudióloga, observava se os remédios estavam sendo ministrados, conforme prescrição médica. E como seu rosto mudou a partir do acontecido! Sua fisionomia demonstrava preocupação, aflição e ansiedade! Faltava-lhe chão.
Você, que era “antenada” com o tempo e com os acontecimentos ao seu redor, curiosa, depois da doença do filho, nada lhe importava, nada a deixava feliz. O seu foco estava na reabilitação mais rápida possível para ele. A plantinha que era linda e viçosa aos poucos foi perdendo o viço, a alegria de viver. Não a reconhecia. Onde estava o bom humor, as piadas, as brincadeiras e as “danações” que fazia para chamar a atenção? Aos poucos você foi perdendo a vontade de viver. Não entrou em depressão porque com o seu temperamento era impossível, mas a mudança se fez com a dor, o sofrimento e por se sentir impotente diante do quadro à sua frente. Sua tristeza maior era não poder curar o filho... E como rezava!
Acho mamãe, que você foi saindo da vida devagarzinho para que não nos assustássemos. Queria que os filhos não sofressem mais ainda com a sua ausência. Tudo em vão, mamãe!
Sua presença ficou impregnada em todos nós. Você saiu de cena, no entanto, continua no palco das nossas melhores lembranças e nos nossos corações. Isto porque, mamãe, para nós você não morrerá nunca! Encantou-se em algum lugar do infinito...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O CASAMENTO REAL

Neste penúltimo dia do mês de abril ninguém no planeta ficou indiferente ao casamento real. A mídia se encarregou de deixar todos bem informados acerca do acontecimento mais importante deste século para a Inglaterra e, posso até afirmar, para muitas pessoas de outros países.
A Londres fria amanhecia com toda a pompa para mostrar ao mundo a realeza em festa. Bandeiras, seguranças, igreja devidamente decorada aguardavam o grande momento. Parecia aqueles contos de fadas que líamos nos livros de Andersen e dos Irmãos Grimm. “Era uma vez um príncipe”... E, daí em diante, a população ficou à mercê do evento. Nas ruas, cheias de gente, algumas pessoas com barracas, colchões, e demais apetrechos acamparam até a hora do esperado casamento.
Realmente, o que se viu foi um total deslumbramento para os olhos. Desde a pontualidade britânica aos moldes da cultura inglesa, até as rígidas normas do cerimonial que funcionaram adequadamente.
A chegada dos convidados na Abadia de Westminster devidamente instruídos por um manual de normas distribuído pelo Palácio de Buckingham junto com os convites. Representantes de embaixadas, primeiros ministros, reis e rainhas de países distantes, adentravam a nave com seus trajes apropriados e as mulheres, com chapéus, muitos deles, extravagantes.
A Família Real britânica e toda a realeza chegaram também na hora determinada e, por último, os personagens mais importantes: o noivo e a noiva. A cerimônia seguiu os trâmites previstos. A platéia e o cenário estavam de acordo com a programação executada em detalhes pelo Palácio Real. O casamento realizou-se e deu para perceber a felicidade dos noivos. Cada palavra, cada olhar eram de uma cumplicidade inimagináveis.
Após a cerimônia religiosa o cortejo tomou as ruas de Londres e a população eufórica aplaudia, tremulava bandeiras para saudar o novo casal agora com títulos de Duque e Duquesa de Cambridge, designados pela rainha Elisabeth II. Os festejos tomaram o resto do dia 29 de abril, entrou à noite e foi até a madrugada.
Os súditos ficaram maravilhados com tudo o que viram. E no imaginário coletivo ficará gravado por muito tempo mais um acontecimento inesquecível, ou melhor, o mais novo conto de fadas do século XXI.

domingo, 24 de abril de 2011

As Canções do Rei Roberto Carlos
Evan Gomes Bessa

Já se passaram algumas décadas e ele continua a percorrer cidades, estados no Brasil ou países os mais longínquos, fazendo shows e mostrando o mesmo talento de anos passados. O seu canto encanta, há muito, várias gerações. Suas composições expressam temas universais: amor, paixão, solidão, saudade, religiosidade e tantos outros. As letras e melodias transbordam sentimentos com os quais a maioria das pessoas se identifica imediatamente. A linguagem com que tece suas canções parece imbricada de tal forma que se encaixam na melodia e nascem as mais belas canções populares. O seu estilo é claro, conciso e suas palavras simples experimentam um grande poder de persuasão. Assim vejamos: “Nunca mais você ouviu falar de mim/ mas eu continuei a ter você/Em toda esta saudade que ficou.../Tanta coisa já passou só eu não te esqueci”. (“A Distância”: Música e Letra - Roberto e Erasmo Carlos);
“Das lembranças que trago da vida/ Você é a saudade que gosto de ter/ Só assim! /Sinto você bem perto de mim/ Outra vez”... (“Outra Vez”: Letra de Isolda);
“Eu não posso mais ficar aqui a te esperar!/Que um dia de repente você volte para mim/(...) Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste/Onde a tristeza e a saudade de você/ Ainda existe”... (“Sentado à Beira do Caminho” - Música e Letra de Roberto e Erasmo)
Falo de um homem que é admirado e idolatrado por uma legião de fãs: Roberto Carlos Braga. Com cinqüenta anos de música e de trabalho intenso passou por vários estágios na vida. Saiu de sua terra natal, Cachoeiro de Itapemirim, para realizar o sonho de ser cantor no Rio de Janeiro. Iniciou em programas de calouros e, depois, tomou a frente do movimento musical dos anos sessenta: Jovem Guarda. Roberto sofreu fortes influências de cantores e compositores da década anterior que criaram a Bossa Nova. No entanto, soube encontrar seu espaço no cenário musical brasileiro até os dias de hoje.
Foi nesse contexto, junto com Erasmo e Vanderléa, que eles ganharam os corações dos adolescentes e jovens da época. E com o passar do tempo, suas composições tiveram a adesão das mais variadas faixas etárias. Todos amam e cantam as músicas de Roberto Carlos. Com a simplicidade que lhe é peculiar soube conquistar gerações inteiras, porque ele fala ao coração de cada uma e diz aquilo que todas gostariam de externar diante da pessoa amada.
Este mês está completando seus setenta anos de vida e continua pleno. Cantando e fazendo corações enamorados e apaixonados sonharem e sentirem saudade do tempo que passou, como diz na música: “Eu me lembro com saudade o tempo que passou/O tempo passa tão depressa/ Mas em mim deixou”... E segue, utilizando o talento e a magia das palavras para imprimir no peito dos amantes o mistério do amor. Por isso, o consagraram como REI e, nós seus súditos, somos agradecidos e fazemos a nossa reverência...

sexta-feira, 18 de março de 2011

A TRAGÉDIA QUE ABALOU O MUNDO

Os últimos acontecimentos ocorridos no Japão nos levam a refletir e repensar a vida no planeta Terra. O homem, ao longo de sua história, tem sido verdadeiro predador provocando a degradação da natureza. Na busca de obter êxito em seus objetivos ou em nome do progresso, da modernidade, o meio ambiente fica a mercê de desastradas ações a que, mais tarde, a própria natureza vai responder com catástrofes inimagináveis.
Acompanhamos, diariamente, pelos meios de comunicação a tragédia que abalou o mundo. Há em todos uma perplexidade diante dos estragos deixados pelo maremoto, pelo tsunami, no Japão. Uma nação que já experimentou momentos de guerras, explosão de bombas que arrasaram Hiroshima e Nagasaki. Com coragem e muita luta o seu povo renasceu das cinzas como Fênix. Hoje, estão vivenciando uma situação diferente, mas tão cruel e ameaçadora como a anterior.
O mundo nesse momento se volta para ajudar e apoiar nossos irmãos japoneses. É um trabalho de solidariedade, pois a população conta ainda seus mortos e busca desaparecidos na imensa onda que arrasou a cidade de Sendai. Na realidade, são inacreditáveis as cenas que se observam através da televisão. Parece filme de terror, de guerra, em termos de destruição e desolação das áreas atingidas. Casas, carros, barcos, prédios que com a força e fúria das águas se converteram em pequenos brinquedos, dado a velocidade com que se destroçavam frente às ondas gigantes. Há, ainda, o perigo da radioatividade, proveniente das usinas atômicas, maximizando o sofrimento, tendo em vista o efeito negativo que pode provocar entre seus habitantes.
O Japão nesse instante passa por imensas dificuldades. Sem água, alimentação, recursos de todo tipo aguarda auxílio das nações amigas. Necessita de socorro urgente, a fim de que possa atravessar essa quadra penosa e reconstruir a nação.
Imigrantes japoneses estão espalhados por todas as regiões da nossa terra e, mostraram sempre sua força inabalável para o trabalho, a disciplina, além de conservarem costumes e condutas singulares, respeitando assim seus antepassados.
Diante de tamanha tragédia temos que refletir profundamente sobre o futuro do planeta. Como deveremos tratá-lo, como poderemos devolver a natureza tudo o que fizemos contra ela, e assim, encontrarmos formas e estratégias condizentes, usando o bom senso, para que vivamos num mundo melhor e com mais segurança.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Deusa Mulher

Mulher! Tens mistério no olhar
Que ilumina as estrelas do céu,
Sedimentando estradas no ar
Para as aves voarem ao léu.

Mulher! Luzes clareiam o teu corpo
Esbelto, altivo como a palmeira
Que se levanta plena ao vento,
E como ave voa fagueira.

Mulher! Tens o fascínio das deusas
Que encantam e habitam o Olimpo
Do paraíso invisível da alma,
Aparece como um sonho infindo.

terça-feira, 8 de março de 2011

Expectativas Carnavalescas
Evan Bessa
O carnaval está bem próximo. A energia solta no ar libera um clima de agitação por todos os recantos do país. Alguns estados iniciam um pré-carnaval para esquentar os ânimos dos foliões. A animação segue noite adentro ao som de marchinhas, frevos, axés, sambas e outros ritmos alucinantes. Cada um se prepara para os dias mais esperados durante o ano. Fantasias são selecionadas de acordo com as pretensões do brincante. Afinal, esse período é para colocar pra fora tristezas, chateações e frustrações vivenciadas ao longo do ano. Então, a alegria e uma euforia invadem os corações de todos nos três dias de festa. Os problemas não existem. Trabalho nem pensar... Compromissos só com a folia. Assim, se projeta aproveitar os momentos mais felizes da maior festa pagã.
O país inteiro investe pesado para que o carnaval chegue a todos os recantos do planeta, da melhor forma possível, mostrando escolas de samba, mulatas maravilhosas dançando com charme e elegância, trios elétricos com músicas vibrantes, para que os estrangeiros fiquem motivados a vir assistir de perto o carnaval do Brasil.
Rio de Janeiro, Salvador, Recife são cidades que recebem o maior número de turistas e conseguem contagiar os visitantes de tal forma que, se misturando à multidão, não se distingue quem é realmente o hóspede. Entram no ritmo acelerado e se esbaldam na dança, na bebida, nos amores. Os momentos se desdobram em êxtase e delírios, porque a principal norma é se divertir, podendo até extrapolar limites. Esquece-se dos bons costumes, da ética, da moral que regem o dia-a-dia. Nada de reprimir desejos, se angustiar por qualquer coisa – Tudo está liberado. Nada é proibido!
Após o período de folia, que para alguns se estendem de três a oito dias, retomam a vidinha de sempre. E se cai na real. No entanto, tudo vale à pena quando a alma não é pequena, assim disse um poeta.
E depois, se espera com ansiedade, o próximo ano e outro carnaval.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Fragilidade do Ser Humano

Fazia algum tempo que não nos víamos. A dinâmica que a vida nos imprime, os compromissos assumidos, a roda viva do dia-a-dia impossibilitou que nos reaproximássemos. O tempo não espera por ninguém e muito menos quer saber de desculpas ou justificativas. O certo é que a distância nos deixou sem o menor contato.
Ontem, por ocasião de uma missa, reencontrei uma pessoa muito especial. Qual foi a minha surpresa! Havia ali na minha frente, não a criatura que conheci, mas alguém dependente, amparada por duas cuidadoras. Seu estado de saúde demonstrava fragilidade. Olhei um pouco assustada sem querer acreditar no que estava vendo. Imediatamente, minha memória, tal qual um computador, processou um passado não muito distante quando a conheci anos atrás. O paradoxo do antes e do depois parecia uma coisa inaceitável. Aquela moça cheia de vigor, saudável, ativa, inteligente, que gostava de viajar, se divertir, não era a mesma. A colega de faculdade aplicada que se destacava diante da turma pelas notas, trabalhos e discussões em sala de aula, não mais representava aquela figura que guardei na lembrança e que todos nós admirávamos. A educadora competente preocupada em desempenhar bem o seu ofício, pois era vocacionada para o magistério, não era a que eu conheci.
Lecionou por vários anos, concluindo o seu labor na Universidade. Veio de repente em minha mente o que disse Rubem Alves: “Ensinar é um exercício de imortalidade”... Acredito que como mestra ela ficou nos corações de seus milhares de alunos.
Diante de mim havia um ser humano com um olhar distante, sem conseguir ficar de pé sozinha, com dificuldade de reconhecer as pessoas em sua volta. Fiquei perplexa, muda, aflita ao ter que me reapresentar para ela. Ao completar a “apresentação”, ela me fitou e deu um sorriso pálido, triste, inócuo. Parecia não estar conectada com a realidade presente. Mesmo assim, abracei-a com afeto e senti que os seus lábios beijavam a minha face. Emocionada, com os olhos marejados de lágrima, engoli a seco. Senti-me impotente diante de um quadro tão cruel. Desconfiei que ela estivesse sofrendo do mal de Alzheimer, uma vez que conhecia de perto a problemática por ter acompanhado anos de sofrimento meu próprio pai. Mais tarde, pude confirmar a suspeita, depois de falar com seus familiares.
Durante o ato religioso não conseguia me concentrar... O quadro que tinha presenciado me deixou impactada e meus pensamentos em verdadeira turbulência. Foi difícil acompanhar até o final todo o ritual. Meu coração batia mais forte e não conseguia compreender o declínio de uma pessoa com tantos predicados, principalmente, o de saber fazer amigos.
Diz uma lenda chinesa que “amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas: nenhuma tempestade consegue arrancar”. Assim me sinto diante dessa amiga querida, nada vai nos afastar, nem mesmo a doença que a acometeu. Nunca deixarei de admirá-la como um ser humano de valor e de princípios que atravessou meu caminho e, juntas, tivemos a oportunidade de aprender muito uma com a outra.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

REENCONTRO

Esperei por você a noite inteira
Olhando para o céu estrelado
A madrugada chegou alvissareira
E reencontrei você ao meu lado.

Chorei e sorri com o amor visível
A brisa enxugou a lágrima perdida
Quando a aurora apareceu mais crível
Um arco-íris brilhou em minha vida.

sábado, 15 de janeiro de 2011

BAÚ DA MEMÓRIA
Evan Bessa
Revisitar sonhos do passado
Retirar do baú da memória
As ilusões perdidas no tempo,
É rever a vida e sua história.
As folhas amarelas caídas
No passado não floresceram,
O vento mudou de direção
E os sonhos, logo, feneceram.
Mas, a esperança persiste
Procurando os sonhos desfeitos,
Na certeza de que no mar da vida
Ondas e sonhos podem ser refeitos.

MENINO-DEUS

MENINO-DEUS

Menino-Deus chegou: é Natal!
Simples e sereno na manjedoura,
Trazendo a esperança e o amor
Para todos os viventes.

Um aroma traz lembranças
De desejos reprimidos,
E a fé de vê-los redimidos
No ano que vai nascer.

A mudança no calendário
Dá a certeza de renascimento.
A troca do velho pelo novo
A mudança, a transformação.
A FORÇA DA SOLIDARIEDADE

O ano iniciou há poucos dias e já observamos que para muitos dos nossos irmãos do Rio de Janeiro a esperança de dias melhores se transformou em desespero. Os últimos acontecimentos têm nos deixado em estado de pânico, mesmo longe de tanta tragédia. A mídia tem nos mostrado um cenário desolador nas cidades de Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. O caos foi estabelecido.
A tragédia provocada pela chuva trouxe mortes, destruição, abandono, angústia e a perda da dignidade humana. É penoso e doloroso acompanhar a dor e o sofrimento estampados nos rostos sem viço, traumatizados e sem perspectivas para retomar uma vida em família. Sim, porque muitos perderam casas, móveis, documentos e entes queridos, na avalanche da água, descendo insistente dos morros, com a força que a natureza devolve ao homem devastador do meio ambiente.
O povo brasileiro num momento desses mostra a dimensão de sua solidariedade. Em vários pontos do país há uma mobilização permanente no sentido de angariar fundos, através de doações em dinheiro, mantimentos, roupas, remédios, para o socorro imediato dos envolvidos na tragédia. Profissionais da saúde se articulam e se juntam em hospitais de campanha, improvisados, para tentar salvar vidas. Um mutirão se forma em todas as frentes para ajudar e tentar minimizar os problemas e, em conjunto, solucionar pequenas e grandes adversidades.
O ser humano é um misto de virtudes e defeitos. Somos imperfeitos, mas a índole do nosso povo conhece a compaixão, o amor e a fraternidade. Nos momentos difíceis que a vida nos apronta parte imediatamente para uma ação efetiva de solidariedade, porque, no fundo, somos capazes de nos superar e enfrentar os desafios juntos com os irmãos que estão vivenciando um drama tão assustador.
E o amor perpassa o consciente e o inconsciente coletivo do povo desse país.

Maria Evan Gomes Bessa
evanbessa@terra.com.br
( Pedagoga )