quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Arte de ser Poeta

O poeta é deveras um sonhador. Outros afirmam que é um fingidor. Quem pode saber a verdade? O certo é que ele consegue abstrair-se da realidade concreta e voar em seus pensamentos pelos mais longínquos lugares. Junta as palavras, separa-as, embaralha-as, seleciona-as para demonstrar emoção, dor, alegria, tristeza, sofrimento... As idéias vão se reunindo como mosaicos que se juntam para representar o desenho que pode emocionar quem vê.
Há pensamentos expressos na tessitura dos poemas que facultam ao leitor se apropriar e se identificar com o texto. Surge, de repente, uma troca espontânea, uma verdadeira simbiose. Às vezes, essa intimidade os aproxima no compasso das palavras que conjugam um verbo dolorido, sofrido, naquele momento, ou sentimentos e emoções positivas que lhe dão alento. O sentimento dito com uma carga de emoção, de forma própria, diferente, metafórica, conduz a caminhos e travessias conhecidas ou não, mas que tocam profundamente no íntimo de quem se delicia com a leitura.
Geralmente, os poetas conseguem imprimir no seu texto uma carga emocional que reflete a condição psicológica do instante presente. Joga com os vocábulos tentando buscar sentido ou a palavra certa para expor o pensamento que toma conta de seu cérebro, comandado pelo coração.
Não acredito em poesia por encomenda, porque para escrever um poema tem que se ter sentimento, sensibilidade, além de trabalhar a idéia, burilá-la, misturando emoção e razão para traduzir todo o encantamento que invade a alma naquela ocasião.
Sonhos, desejos, melancolia são, quase sempre, ferramentas que desencadeiam cascatas de emoções e palavras que se conectam e vão construindo uma poesia mais intimista, ditada pela subjetividade e introspecção. Todavia, ela pode apresentar o lado bom da vida, com tom colorido em todas as nuances possíveis.
O grande poeta contemporâneo Ferreira Gullar fala o seguinte: “Escrevo para ser feliz, para me libertar do sofrimento, não para sofrer. É a alquimia da dor em alegria estética. Mesmo quando a coisa é doída, amarga, naquele momento a transformo no ouro que é o poema”.
Vê-se, portanto, que ser poeta é uma arte. Arte essa onde o artista dispõe com beleza seu poema, traduzindo o estado da alma, através de uma metamorfose de idéias e de palavras carregadas de sentimento.

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