segunda-feira, 4 de novembro de 2013

DUALISMOS EXISTENCIAIS Amanhã é o dia de se resgatar lembranças de pessoas que nos são caras, mas que já se encontram no plano celestial. Para quem tem fé, a morte não é o fim de tudo, porque é nesse momento que se renasce para a vida eterna. Para a Igreja Católica, a Morte é a verdadeira Páscoa, ou seja; a passagem, o renascimento de um ser para se refazer na grandeza da Casa do Pai. Só quem já sentiu a perda e ausência de um ente querido é capaz de aquilatar a dor da partida e o sofrimento que se arrastam por um período elástico e, que somente com o tempo, vai aliviando, minimizando a angústia que se apodera dos que ficaram após a última cena de uma vida. Não adianta tentar falar algo com o objetivo de suavizar o padecimento e a amargura existentes. Naquela hora o fato é concreto, verdadeiro, não se tem a capacidade de racionalizar, visto a emoção se apoderar de cada ser humano que passou por essa “tragédia”. São Francisco entendia a morte como irmã, companheira, a qual chegava num instante decisivo para se alcançar a plenitude junto ao Criador. Considerava sublime a idéia de morrer. Nascer, viver e morrer se constituem um processo evolutivo que se desenrola com o passar do tempo, para o qual tem que se aprender e maturar, a fim de um dia aceitar os ditames da natureza. Cada indivíduo tem o tempo certo para fazer a viagem de retorno. Ninguém imagina o dia e a hora que Deus o chamará a SUA presença. O dualismo que se observa entre vida-morte, corpo e alma, matéria-espírito são questões inacessíveis ao entendimento da maioria das criaturas. Apela-se para a religião, filosofia, psicologia e tantos outros ensinamentos e, finalmente, chega-se à conclusão de que tudo isso é, na realidade, Mistério Divino. A transcendência é um atributo que só os privilegiados poderão alcançar, visto ser alguma coisa além do possível, que leva nossa inteligência a pensar e refletir acerca do tema e encontrar respostas para satisfazer o nosso raciocínio. Nessa data em que se relembram os mortos, sinto-me incapaz de entender claramente o mistério, para aceitar a morte como passagem natural e definitiva. Apesar de ser católica, não entendo, ainda, o “gran finale,” quando as cortinas se fecham definitivamente no palco da vida. Os que já partiram da minha família continuam vivos na memória e no coração e essa saudade, permanecerá até o dia em que eu deixar de existir. Evan Bessa