domingo, 29 de novembro de 2009

Relembrando a Mestra Tony Cals

Evan Bessa


Lembro-me que na década e noventa, a Secretaria de Educação do Município de Fortaleza passou por um período de inquietação e questionamentos no que tange às mudanças relativas à área pedagógica. Foi durante essa travessia que se repensou teorias, conceitos, métodos, técnicas e estratégias de ensino, visando uma direção mais dinâmica e atual do fazer pedagógico, de modo a atingir com eficiência um padrão de ensino mais eficiente para o público alvo: educadores e educandos. Precisava-se de algúem com credibilidade suficiente para “girar o caldeirão em ebulição,” encontrar caminhos que viessem satisfazer às demandas, as quais andavam à deriva. Surge um nome apontado pela própria equipe central: Tony Cals, para coordenar os trabalhos da construção de uma Proposta Curricular nas diversas modalidades de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos. O salto que se queria dar era bastante ousado. D. Tony tinha em seu currículo experiências exitosas, quando esteve no comando desta Secretaria, na TV Educativa, Funefor ( hoje IMPARH), e como delegada do MEC. Portanto, a educadora certa para conduzir um trabalho de tanta relevância. Na realidade, ela trouxe na sua bagagem uma perspectiva inovadora de educação e um olhar voltado para os novos desafios que iam surgir. Assim, com os olhos voltados para o futuro, essa mulher extraordinária aceitou o intento, com a coragem de uma guerreira que se dispunha a partilhar com técnicos, especialistas das áreas de ensino, saberes e experiências para a elaboração das Propostas Curriculares do Município de Fortaleza. O trabalho iniciou com um diagnóstico, através de uma pesquisa de campo, onde técnicos foram à base para levantar dados, colher material e sugestões dos envolvidos no processo de ensino: professores, supervisores, diretores, enfim, os verdadeiros condutores da prática pedagógica em sala de aula. A etapa seguinte consistia na análise dos dados obtidos por disciplina, onde, com a parceria dos professores da UFC, ia se delineando o roteiro de trabalho e o desenho da construção a ser edificada. Concomitantemente, D. Tony se reunia com os técnicos da equipe central chamando atenção para se oferecer uma unidade nas Propostas, tendo, para tanto, definido junto com o grupo, princípios que norteariam as discussões na feitura da Proposta. Com o conhecimento que lhe era peculiar, e na simplicidade de Mestra, delineou-se como ponto de partida:
-visão humanística que deveria permear todo o contexto e conteúdos definidos;
-visão holística na medida em que se pudesse perceber a singularidade e pluralidade dos conteúdos ;
-flexibilidade no sentido de não criar algemas para professores, mas que desse condições para recriar algo;
-interdisciplinariedade criando a possibilidade do entrelaçamento das disciplinas e áreas do currículo, de maneira a intervir, juntando teoria e prática nos momentos de aprendizagem;
-concepção construtivista no sentido de uma metodologia mais participativa, onde alunos buscam a aprendizagem contando com a orientação e vigilância do professor na ação cotidiana de sala de aula;
Estes e outros princípios foram associados à filosofia do trabalho que se estenderia por meses e anos. D. Tony fazia reuniões frequentes com os grupos da Secretaria, por disciplina, para garantir a unidade dos princípios e filosofia que embasava os estudos. O trabalho foi pesado, porém muito rico, uma vez que estimulou os educadores a buscarem rumos diferentes para inovar o dia-a-dia, na sua prática.
A construção das Propostas mencionadas anteriormente teve início em 1992, atravessou 1993, tendo a sua impressão definitiva em 1995.
D. Tony essa educadora de visão de futuro e de uma disponibilidade a toda a prova deu um passo importante com a equipe na direção da modernidade. Sua atuação impecável em todas as fases deu a ela, plena condição de acompanhar e coordenar todo o trabalho. Sua vida foi sempre pautada no magistério e com vocação nata para resolver problemas e encontrar soluções viáveis, deu uma enorme contribuição à Educação Municipal. Até então não havia nada oficial em termos de proposta para encaminhar aos professores das escolas. Eles definiam roteiros programáticos, a partir dos livros das disciplinas para planejar suas aulas. Não havia unidade entre o planejamento das escolas, que permitisse maior definição dos conteúdos nos planos elaborados nas unidades escolares. A Proposta, após ser distribuídas e devidamente apresentada em treinamento com os professores, trouxe mais segurança aos mestres.
A Secretaria de Educação do Município enviou posteriormente para o MEC, a fim de análise e subsídio para os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs. Dentre tantas propostas analisadas dos Estados brasileiros, a do Município de Fortaleza foi considerada uma das melhores. Isto gratificou, sobremaneira, os agentes envolvidos nessa caminhada de ousadia e compromisso com a educação de Fortaleza.
O mérito foi de todos os educadores, especialmente da D. Tony, que soube com sabedoria aceitar o desafio e desenhar um novo horizonte para o ensino do Município de Fortaleza. Obrigada, Mestra!
O Açude do meu Pai

Evan Gomes Bessa


Lembro-me, quando ainda criança, deixando o interior do Ceará para morar em Fortaleza. Nossos pais explicavam o motivo da mudança, pois minhas irmãs mais velhas precisavam continuar os estudos, estavam no internato das Irmãs Salesianas na Capital e as despesas eram grandes para um comerciante e fazendeiro que tinha grande prole. Naquele tempo o interior não dispunha de colégios com o ensino secundário, curso normal e muito menos, universidades. E, ainda por cima, os outros filhos iam precisar continuar os estudos, pois tínham entre dois a quatorze anos de idade. Por essa razão, deixava tudo prá trás em busca da educação dos filhos. Ninguém era capaz de entender muito bem essa mudança, mas acreditávamos no que eles diziam. Naquela época, os filhos eram muito ingênuos e sem maldade, acreditávamos em tudo que os pais nos diziam. Vínhamos de uma cidade pequena. Saíamos apenas para passar férias na casa dos avós ou para a Fazenda “Bonito”. Lá corríamos, tomávamos leite mugido, íamos aos açudes dentro da propriedade, nos divertíamos com a boiada chegando ao curral no final da tarde. As brincadeiras eram as mais banais. Á noite, ficávamos em volta de uma fogueira, ouvindo os moradores da fazenda cantar e tocar violas, violões ou acordeon. Assim se resumia nossa vidinha...Estudo e férias nas fazendas.

Quando chegamos à Fortaleza, papai se encarregou de nos mostrar a cidade: praças, vitrines das grandes lojas e magazines, o colégio das Dorotéias onde passaríamos a estudar, enfim, tudo que ele achava interessante. Nós não tínhamos vontade que não fosse à dele. Fomos educadas à moda antiga, com limites e obediência aos genitores. Não se questionava as ordens dos pais, cumpría-se rigorosamente, não é como hoje, quando os pais educam os filhos com total liberdade.

Uma certa tarde papai nos levou a um passeio inesquecível! Conhecer o Mar, a Praia.
Há pouco tempo saíamos do sertão central, seco, quente e com pouca água. Diante daquela imensidão, ficamos absortos, maravilhados, admirando tanta beleza! Nosso pai, observando o deslubramento em nossos olhos, virou-se para nós e disse com muita seriedade:

- Esse é o açude que comprei pra vocês.

Ficamos todos mudos diante de tal afirmação! Nosso pai sempre falava sério, não dizia inverdades. Acreditamos piamente nas suas palavras. Erámos bobos, ingênuos, inocentes e nem duvidávamos que não fosse verdade. Queríamos adentrar no mar para banhar nossa alma, molhar o nosso corpo de água salgada e sentir o sabor da felicidade...

Nesse instante, ele nos chamou atenção: Esperem um pouco, eu estava brincando!!! Isso aqui, não é um açude daqueles que temos na Fazenda: esse foi feito por Deus, por isso ele é tão grande, imenso. É um Oceano, com ondas brancas e barulhentas, onde navios, barcos e jangadas atravessam de um lado para outro, levando pessoas e mercadorias para outros lugares, países, ou simplesmente na busca de pescar o peixe. Usamos também para tomar banho, mas é perigoso para vocês que são crianças!!!
Nesse momento, passava à nossa frente um grupo de rapazes e moças em trajes de banho e ele, imediatamente, nos falou: Não olhem, baixem a cabeça. Com a observação feita sentimos curiosidade de olhar, mas o fizemos de “rabo de olho” para não desaboná-lo. Para um homem do interior de uma educação rígida, aquela cena não era permitida para os filhos, ainda pequenos. Para ele tudo deveria acontecer no tempo certo.
Agora pergunto eu? Qual seria o tempo certo para ele?
Meu pai era realmente como a maioria dos pais: protetores, ciumentos com suas crias, mas, por outro lado, amoroso e verdadeiro na partilha do afeto - um grande companheiro. Que saudade!!!
NOITE SILENCIOSA

Evan Bessa


Sozinha neste gabinete penso em escrever um pouco. O silêncio da noite convida-me a reflexão...
Há tantas coisas que chegam à cabeça! Por um momento, páro e deixo o pensamento voar como pássaros alçando vôos aos píncaros das montanhas. As imagens ainda embaçadas evoluem em ritmo lento e dançam a vagar pela memória afetiva.

Sinto o pulsar do coração acelerado à medida que as idéias fluem com mais clareza. Seria esta a linguagem objetiva do coração? Fico escutando o batimento cardíaco na tentativa de entender melhor a fala que ele quer me passar. Que coisa esquisita essa minha atitude?

O certo, é que estou aqui frente a lembranças, perdida com fatos que não têm mais o mesmo significado de outrora. Vivo em outro contexto, outra realidade!

Ah o tempo! O tempo que escorre diante de mim, deixou marcas acentuadas no meu ser: na pele, sulcos profundos; no coração, a taquicardia sempre que vem à tona, com as recordações do passado; no cérebro, tal qual o meu computador, por vezes, se nega a deletar passagens adormecidas anos a fio, guardadas a sete chaves na memória. Por que tão bem escondidas no consciente ou inconsciente teimam a aparecer de uma hora para outra?

O som da tv ligada me tira a concentração e rapidamente fixo meus olhos na telinha. Vejo imagens deslumbrantes! Uma praia com areias finas e um mar de ondas agitadas com águas em volúpia. Parecem querer partilhar comigo a ânsia que toma o corpo inteiro e me deixa em convulsões.

Seguro-me por alguns instantes procurando ser mais racional e objetiva. Por que nós mulheres somos tão vulneráveis emocionalmente?

Contudo os pensamentos preenchem todos os espaços da mente e retorno a um estado de embevecimento. Passo a olhar as estrelas que cobrem o céu azul, pelo vidro da janela que dá para o jardim, imaginando, agora, aquele mar com ondas branquinhas, cheio de espumas a banhar-me em suas águas frias, resgatando-me dessa agonia aterrorizante.

Num impulso, ergo-me da cadeira e deixo a luz atravessar o vidro a minha frente, iluminar a razão, reencontrar o meu ponto de equilíbrio para que o tal delírio se transforme em atitudes firmes e mais condizentes, com o momento presente.

Após segundos, já me sinto conectada com a realidade do hoje. Tenho o destino nas minhas mãos, senhora de mim mesma, responsável pelos meus atos, no entanto, em permanentes estágios de contradição entre o presente e futuro, com recaídas num passado longínquo que põe o pé no meu caminho, como qualquer ser humano.

Noite Silenciosa

NOITE SILENCIOSA

Evan Bessa


Sozinha neste gabinete penso em escrever um pouco. O silêncio da noite convida-me a reflexão...
Há tantas coisas que chegam à cabeça! Por um momento, páro e deixo o pensamento voar como pássaros alçando vôos aos píncaros das montanhas. As imagens ainda embaçadas evoluem em ritmo lento e dançam a vagar pela memória afetiva.

Sinto o pulsar do coração acelerado à medida que as idéias fluem com mais clareza. Seria esta a linguagem objetiva do coração? Fico escutando o batimento cardíaco na tentativa de entender melhor a fala que ele quer me passar. Que coisa esquisita essa minha atitude?

O certo, é que estou aqui frente a lembranças, perdida com fatos que não têm mais o mesmo significado de outrora. Vivo em outro contexto, outra realidade!

Ah o tempo! O tempo que escorre diante de mim, deixou marcas acentuadas no meu ser: na pele, sulcos profundos; no coração, a taquicardia sempre que vem à tona, com as recordações do passado; no cérebro, tal qual o meu computador, por vezes, se nega a deletar passagens adormecidas anos a fio, guardadas a sete chaves na memória. Por que tão bem escondidas no consciente ou inconsciente teimam a aparecer de uma hora para outra?

O som da tv ligada me tira a concentração e rapidamente fixo meus olhos na telinha. Vejo imagens deslumbrantes! Uma praia com areias finas e um mar de ondas agitadas com águas em volúpia. Parecem querer partilhar comigo a ânsia que toma o corpo inteiro e me deixa em convulsões.

Seguro-me por alguns instantes procurando ser mais racional e objetiva. Por que nós mulheres somos tão vulneráveis emocionalmente?

Contudo os pensamentos preenchem todos os espaços da mente e retorno a um estado de embevecimento. Passo a olhar as estrelas que cobrem o céu azul, pelo vidro da janela que dá para o jardim, imaginando, agora, aquele mar com ondas branquinhas, cheio de espumas a banhar-me em suas águas frias, resgatando-me dessa agonia aterrorizante.

Num impulso, ergo-me da cadeira e deixo a luz atravessar o vidro a minha frente, iluminar a razão, reencontrar o meu ponto de equilíbrio para que o tal delírio se transforme em atitudes firmes e mais condizentes, com o momento presente.

Após segundos, já me sinto conectada com a realidade do hoje. Tenho o destino nas minhas mãos, senhora de mim mesma, responsável pelos meus atos, no entanto, em permanentes estágios de contradição entre o presente e futuro, com recaídas num passado longínquo que põe o pé no meu caminho, como qualquer ser humano.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Prefiro lhe dar carinho que Carona

Prefiro lhe dar Carinho que Carona


Evan Bessa



Prefiro um amor atento
Que alguém desatento.

Prefiro beijos amorosos
Que gracejos maldosos.

Prefiro um olhar de cumplicidade
Que um olhar de maldade.

Prefiro você quente, ardente
Que a frieza do amor decadente.

Prefiro sonhar com a utopia
Que me acomodar com o dia-a-dia.

Prefiro o cuidado de um amor real
Que a ausência de um amor irreal.

Prefiro ter o carinho meu amor
Que a carona, sem o mesmo valor.



Julho/09

O Açude do meu Pai

O Açude do meu Pai

Evan Gomes Bessa


Lembro-me, quando ainda criança, deixando o interior do Ceará para morar em Fortaleza. Nossos pais explicavam o motivo da mudança, pois minhas irmãs mais velhas precisavam continuar os estudos, estavam no internato das Irmãs Salesianas na Capital e as despesas eram grandes para um comerciante e fazendeiro que tinha grande prole. Naquele tempo o interior não dispunha de colégios com o ensino secundário, curso normal e muito menos, universidades. E, ainda por cima, os outros filhos iam precisar continuar os estudos, pois tínham entre dois a quatorze anos de idade. Por essa razão, deixava tudo prá trás em busca da educação dos filhos. Ninguém era capaz de entender muito bem essa mudança, mas acreditávamos no que eles diziam. Naquela época, os filhos eram muito ingênuos e sem maldade, acreditávamos em tudo que os pais nos diziam. Vínhamos de uma cidade pequena. Saíamos apenas para passar férias na casa dos avós ou para a Fazenda “Bonito”. Lá corríamos, tomávamos leite mugido, íamos aos açudes dentro da propriedade, nos divertíamos com a boiada chegando ao curral no final da tarde. As brincadeiras eram as mais banais. Á noite, ficávamos em volta de uma fogueira, ouvindo os moradores da fazenda cantar e tocar violas, violões ou acordeon. Assim se resumia nossa vidinha...Estudo e férias nas fazendas.

Quando chegamos à Fortaleza, papai se encarregou de nos mostrar a cidade: praças, vitrines das grandes lojas e magazines, o colégio das Dorotéias onde passaríamos a estudar, enfim, tudo que ele achava interessante. Nós não tínhamos vontade que não fosse à dele. Fomos educadas à moda antiga, com limites e obediência aos genitores. Não se questionava as ordens dos pais, cumpría-se rigorosamente, não é como hoje, quando os pais educam os filhos com total liberdade.

Uma certa tarde papai nos levou a um passeio inesquecível! Conhecer o Mar, a Praia.
Há pouco tempo saíamos do sertão central, seco, quente e com pouca água. Diante daquela imensidão, ficamos absortos, maravilhados, admirando tanta beleza! Nosso pai, observando o deslubramento em nossos olhos, virou-se para nós e disse com muita seriedade:

- Esse é o açude que comprei pra vocês.

Ficamos todos mudos diante de tal afirmação! Nosso pai sempre falava sério, não dizia inverdades. Acreditamos piamente nas suas palavras. Erámos bobos, ingênuos, inocentes e nem duvidávamos que não fosse verdade. Queríamos adentrar no mar para banhar nossa alma, molhar o nosso corpo de água salgada e sentir o sabor da felicidade...

Nesse instante, ele nos chamou atenção: Esperem um pouco, eu estava brincando!!! Isso aqui, não é um açude daqueles que temos na Fazenda: esse foi feito por Deus, por isso ele é tão grande, imenso. É um Oceano, com ondas brancas e barulhentas, onde navios, barcos e jangadas atravessam de um lado para outro, levando pessoas e mercadorias para outros lugares, países, ou simplesmente na busca de pescar o peixe. Usamos também para tomar banho, mas é perigoso para vocês que são crianças!!!
Nesse momento, passava à nossa frente um grupo de rapazes e moças em trajes de banho e ele, imediatamente, nos falou: Não olhem, baixem a cabeça. Com a observação feita sentimos curiosidade de olhar, mas o fizemos de “rabo de olho” para não desaboná-lo. Para um homem do interior de uma educação rígida, aquela cena não era permitida para os filhos, ainda pequenos. Para ele tudo deveria acontecer no tempo certo.
Agora pergunto eu? Qual seria o tempo certo para ele?
Meu pai era realmente como a maioria dos pais: protetores, ciumentos com suas crias, mas, por outro lado, amoroso e verdadeiro na partilha do afeto - um grande companheiro. Que saudade!!!

domingo, 19 de julho de 2009

Algumas Palavras

ALGUMAS PALAVRAS

Evan Bessa

Existem pessoas que nascem predestinadas a serem queridas, amadas, sem fazer muito esforço, pois são carismáticas – Margarida é uma delas. Pela maneira de olhar, falar com ternura, fazer sempre o bem, desinteressadamente, pelo simples fato de ajudar e servir com amor. Altamente habilidosa nas atitudes e na arte de se relacionar com os outros. Trabalha com seriedade, ama e sofre com serenidade, delicadeza e confiança. Tem educação de berço, bem estruturada, construída na família.

O Simbolismo aparece a partir do nome, vejamos: MAR – GA- RI – DA – destaco em pedacinhos para lembrar a excelente alfabetizadora que foi e continua sendo;

Margarida, nome de flor que perfuma os jardins da existência daqueles que com ela convivem;

Margarida lembra MAR silencioso e, ao mesmo tempo, altivo com suas ondas enormes a se jogar na praia.
Margarida é silenciosa e altiva na busca dos seus objetivos. Com ternura e suavidade, aplaina caminhos, direciona com competência, supera dificuldades em seus trabalhos;

Margarida amiga, colega, elegante ao compartilhar saberes, deveres, com garra, porque nessa flor mulher o seu próprio nome sugere;

Margarida continua a sonhar, a sentir, a amar em plenitude, doce e querida, como lembra nas letras do seu nome;

Margarida é rosa, é Mulher Guerreira, pequena na estatura, mas grande, enorme na sua capacidade de amar;

Margarida é Mãe com todas as nuances, caracteríticas e enlevos peculiares às rainhas do lar ... É esposa devotada ao seu querido Erasmo... Quem não a viu falar do marido e dos filhos com os olhos brilhando, com um jeitinho brejeiro de carinho, e de amor, sedimentados na admiração e no respeito.

Margarida que viu o tempo passar e não envelheceu... Continua leve, solta e, agora, mais do que nunca SEX, sem deixar de mostrar sua sensualidade mesmo aos 60 anos;

Margarida continua a sonhar, a ser a amiga tão preciosa, por muito e muito tempo ainda.

Para finalizar, a simbologia das “margaridas flores”: brancas e amarelas. Assim com nossa amiga: o branco é a paz que ela nos transmite; e a cor amarela é o próprio sol que irradia calor e luz para nos aquecer no seus braços nas horas de alegria e tristeza.

E plagiando o poeta : “Você é coisa (pessoa) para se guardar no lado esquerdo do peito, dentro do coração. É assim, que você habita em mim.

Obrigada amiga, por EXISTIR. Parabéns!!!

sábado, 6 de junho de 2009

Meu Jardim

Meu Jardim

Evan Bessa


Tem flores coloridas
Que perfumam o ar
E elas me dão guarida
Para eu ti amar.

Quando chove a noite
O cheiro inunda meu ser
E o vento vem em açoite
Fazer meu corpo arder.

A cama fica mais quente
O olfato sorve o olor
A boca seca e ardente
Só clama por um amor.

E na procura me perco
Nos braços do homem amado
E na simbiose do cerco
Esqueço o jardim ao lado.

ÍCONE DA MEDICINA NO CEARÁ

Ícone da Medicina no Ceará


Evan Bessa



O Ceará está de luto. Perdemos o maior ícone da oncologia médica da Terra da Luz.
Dr. Haroldo Juaçaba dedicou toda a sua vida à Medicina com uma vocação visceral, nata. Sempre envolvido no ofício de salvar vidas, sem medir esforços para atender seus pacientes; fosse na Santa Casa de Misericórdia, na Faculdade de Medicina ou no próprio consultório.
Preocupado com as camadas sociais menos abastadas, dedicava atenção especial aos menos favorecidos com o mesmo carinho e desvelo de um filho de São Francisco. Soube ser um arauto da paz e do amor fraterno.

Ao criar o Instituto do Câncer no Ceará demonstrou mais uma vez a humanidade que o caracterizava, pois os mais pobres teriam a assistência necessária, tão difícil para quem não pode pagar um plano de saúde. Passou vários anos envolvido em ações solidárias dentro do Instituto como o sacerdote que tem uma missão de servir aos irmãos mais carentes. Era um gentleman!
Ouvia, animava os doentes mais vulneráveis, encorajando-os e dando-lhes esperança para a caminhada com fé e coragem. Esse homem soube dignificar sua categoria profissional...

Fazia da Casa de Saúde São Raimundo a extensão do seu lar. Passou anos trabalhando arduamente naquele hospital, com a mesma hombridade e seriedade que lhe era peculiar.
Os cearenses têm uma dívida a esse ícone da medicina, pela trajetória dignificante que marcou sua vida aqui na terra.

Dr. Haroldo foi para um Plano Superior, deixando um vazio e uma saudade enorme a todos os seus admiradores, pela postura ética, educação exemplar, advinda do berço.
Seu nome e sua memória, com certeza, ficarão registradas no livro da História da Medicina do nosso Estado.

Adeus Mestre! Que os anjos o conduzam ao Paraíso - a eterna morada dos justos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Olhar e Olhares

Evan Bessa


Tenho observado ao longo da vida as várias formas de um olhar. Esse misterioso olhar que fala através do silêncio, comunica e vai ao fundo da alma. Nem sempre sincero, mas com uma carga de energia que transmite o que vem do próprio ego. Algumas vezes, mais poderosos que outros.

Quem tem o poder magistral no olhar diante do ser humano, com tanta persistência, tornando-o quase enigmático?

Com certeza, Deus concedeu às mães essa habilidade e maestria! Criatura meio fada, guerreira, ousada,sensível, desprendida e de coração sempre cheio de Amor. Não podia ser outra. Solícita na maioria das vezes, pois para cada filho está sempre disponível: com ternura, carinho, dedicação, enfim, de coração aberto. Esquece, muitas vezes, de si mesma, para se dedicar plenamente às necessidades do filho.

Onde reside a sensibidade, a singeleza, a complacência do amor maternal? Será que, ao ser criada, Deus pôs um “chip” especial para lhe conceder esses privilégios? Pois todas elas são assim... Talvez uma ou outra tenha saido com um defeito técnico, quem sabe? Mas, o olhar de uma mãe para um filho supera os olhares de todos os viventes.

Você já a viu diante do berço de um filho? Que paz e serenidade ela transmite à criança e, com seu sorriso meio maroto nos lábios, exprime a carga de amor e emoção que está sentindo.

O milagre da vida diante dos seus olhos, nos seus braços, a faz convicta de sua verdadeira missão. E, a cada etapa, acompanha com a paciência, como quem coloca no jarro a semente, rega-a diariamente, para vê-la crescer e florescer. E como é coruja pelas façanhas que presencia diante do rebento! As descobertas, os progressos cotidianos, a deixam orgulhosa e plena de sua maternidade.

O olhar protetor de uma mãe para o filho parece saber das vicissitudes dos gestos, pensamentos, sentimentos, os quais se passam naquele instante com sua cria. Percebe o sentimento dele, sofre com sua dor e explode de doação frente aos problemas que porventura surjam, porque está sempre pronta para minorar o sofrimento que o aflige, seja ele uma criança, um adolescente ou um adulto. É a psicóloga nata, a médica capaz de curar dores incuráveis escondidas no mais íntimo do ser. Entende todas as mazelas e procura curá-las pelo exercício do amor. Ah! A mulher que é Mãe tem a sua singularidade, parece até ser diferente das outras mulheres que não optaram pela maternidade.

Toda mãe vive prenhe de fertilidade, seja física ou biológica, mas, sobretudo, fecunda das mesuras do amor maternal. Quem duvida do que seria capaz uma mãe para salvar sua prole? Ningúem. Não há limites. Deus a destinou para a missão mais sublime de dar sempre Amor, sem nada pedir em troca. E, nesse ato contínuo de abnegação, elas são as estrelas que regem o universo familiar.
O INVERNO NO SERTÃO

Evan Bessa



A manhã chuvosa traz um ar de melancolia dentro de mim e fico a pensar. Observo pela vidraça a cortina d’água que desce incessante cobrindo a terra de um aguaceiro tamanho, que escorre em valas, trilhas e ruas esburacadas. Nós, da cidade, ficamos acuados diante da chuva forte e renitente.

Para o nordestino, a chuva representa uma benção dos céus... As matas florescem e o verde aparece em vários tonalidades. Os açudes enchem, transbordam trazendo alegria a tanta gente do interior do Ceará. Época de fartura do milho, do feijão e mesa farta para o pequeno agricultor. As casas localizadas nos mais recônditos lugares, se destacam com montanhas de espigas e de grãos nos alpendres, que vão garantir um ano sem fome e sem maiores preocupações.

Lembro-me, quando criança, que, no sertão, em pleno inverno, se ouvia o canto dos pássaros com mais nitidez. Revoadas de aves que passeavam pelo horizonte com os seus belos trinados e gorgeios. Os animais pastavam silenciosos ou se escondiam debaixo de árvores ou galpões para se protegerem do frio. As boiadas, no final da tarde, atravessavam os pátios e caminhos tortuosos em meio da água corrente e seguiam rumo às fazendas, em busca dos currais para se alojarem. O tempo, nessa quadra invernosa, parecia arrastar-se na lentidão constante dos passos da boiada. O homem do campo seguia o mesmo compasso, no ritmo da manada, como se estivesse em estado de graças.

Realmente, Deus havia se lembrado do sertão árido, seco, com paisagens esturricadas, sem viço, sem água e alimento. O sertanejo, sempre marcado pelas dificuldades de uma vida sacrificada, vive preso ao que lhe resta: a Esperança... E este ano, esta esperança não o abandonou e a fé no Todo Poderoso não o decepcionou. A prova está diante dos seus olhos, que em determinadas horas lacrimejam de felicidade, confundindo-se com os espelhos d’água dos açudes sangrando terra abaixo.

Ao homem interiorano, nesse momento, na sua labuta diária, nada o faz infeliz, porque São Pedro abriu as torneiras do céu. Isso é o que lhe bastava. Não há outra coisa a almejar senão a de obter uma safra abundante, ver o roçado verde, pronto para a colheita e a família feliz por ter assegurado o sustento por mais um ano. O cenário passou a ser outro, de prosperidade... E a vida toma um novo sentido.

Patativa do Assaré, o poeta matuto, dizia em seus versos: “Chegando o tempo do inverno,/Tudo é amoroso e terno,/Sentindo do Pai Eterno/Sua bondade sem fim./O nosso sertão amado,/Fica logo transformado/No mais bonito jardim.” ( A Festa da Natureza).

Nesses versos pode-se observar todo o sentimento do sertanejo Patativa e de todos os outros nordestinos, que ele tão bem representou na sua trajetória aqui na terra.


Abril/2009

sábado, 2 de maio de 2009

Saudade

SAUDADE

Evan Bessa


Como esquecer-te se a saudade
Teima em maltratar meu ser?
Já não sei mais amar nessa idade
E o destino, não me fez te merecer.


Por isso, a saudade não sai de mim
Vivo a mercê dessa ilusão passada.
Espero que um dia chegue ao fim
A herança dessa paixão malograda...


Saudade, lembrança renitente,
Que acorda uma dor adormecida,
Imprime, feito registro, na mente,
Como carimbo marcando uma vida.


Não posso detê-la, mesmo querendo,
Porque ela não me deixa facilmente.
Depois de tatuada, só morrendo,
Ou, conviver com ela, sofrendo inultilmente.


Fev./2009

Marés Revoltas

MARÉS REVOLTAS


Evan Bessa


Tarde chuvosa de céu cinzento
E a mania de resgatar momentos:
Sonhados, vividos, passados, intensos.
Em ritmo de saudades, esmagados.


Ilusão, magia da loucura insana,
Que traz de volta a dor, a mágoa
Na face desbotada que engana
E se transforma em rio d’água.


Mar de tristeza e desespero no ar
Vai se fundindo qual marés revoltas,
Que vão e vêm, sem mesmo alarmar
Em ondas gigantes, alvas e explicítas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Simbologia da Dramaturgia

Simbologia da Dramaturgia

Evan Bessa


Sábado, levada por uma amiga, fui ao teatro. Há quanto tempo não assistia uma peça interessante! Na verdade, a dramaturgia sempre nos remete a uma reflexão mais acurada, principalmente quando os atores são talentosos e transformam os atos encenados em realidade quase palpável.
“A Graça da Vida” chamou-me atenção, desde o início, pela identificação imediata com a temática.

Faz algum tempo que, para mim, vida-morte passou a ser o binômio que se entranhou na mente e na alma, como uma substância aderente e pegajosa, tomando todo o meu ser.
A peça aborda uma doença que aparece sutilmente, passo a passo, e vai tomando proporções inimagináveis. Recorre-se as possibilidades que a medicina pode oferecer somadas, a doses de cuidados, afeto, carinho, e tudo mais o que for possível. Nada abate mais o ser humano do que ver um ente querido acometido pela doença de Alzheimer.

Durante o desenrolar da peça, a cada cena, via-me diante de um quadro pintado com cores fortes que esteve em destaque sempre à minha frente para que eu mirasse e encontrasse algo de belo que viesse amenizar a dor e o sofrimento passados, frente aos infortúnios da vida.

Essa história, eu vivi!!! E pude conhecer de perto todas as nuances, os matizes, os acessos e retrocessos...

Reconhecer o outro na sua fragilidade e vulnerabilidade, que até então, nunca havia sequer um dia pensado em alguma coisa parecida, é muito doloroso. A doença, na peça, apresenta-se de forma metafórica para que se possa compreender a travessia a qual todos terão que fazer, até chegar ao destino final - a morte.

A seqüência de perdas que o homem vai acumulando no processo de envelhecimento se faz notar a partir dos pequenos lapsos de memória, a carência de afeto, a insegurança frente a situações rotineiras que passam a ser, em determinados momentos, irreconhecíveis. Para quem acompanha de perto, às vezes, não sabe dimensionar quem sofre mais: o doente na sua caminhada vagarosa para o momento derradeiro, ou, se são os familiares que acompanham o drama, dado o envolvimento e a dificuldade de se distanciar para perceber com um olhar mais analítico.

Aí, pode-se dizer que o “drama do teatro” se funde, inexoravelmente, com o drama humano, vivencial, concreto, doloroso. Ou melhor dizendo; se confunde com a verdadeira realidade.

A peça tem um lado que procura criar um clima de diálogo entre mãe e filha na busca da superação permanente, como a se prepararem, a aceitar o inaceitável e remediar o que se torna irremediável. Então se questiona: “ a arte imita a vida ou é a vida que imita a arte?”

Que apertado meu coração ficou. Ora contido, sufocado, ora aliviado por aquela encenação ser apenas um momento de lazer, mas acima de tudo, de reflexão sobre a vida que se exaure com o tempo e esse tempo é o espaço inevitável entre vida e morte.

O Gato Nicolau

O GATO NICOLAU


Você por acaso já ouviu falar do gato Nicolau? Pois bem, você nem imagina as peripécias que ele aprontava... Este é um bichano maroto... Gostava de deixar todos com os nervos em pandareco...

Logo ao amanhecer, saia a passear pela vizinhança, conhecendo os novos espaços que poderiam atraí-lo mais tarde. Assim, fazia suas andanças e percorria caminhos que o surpreendiam pois, às vezes, encontrava ratazanas apetitosas para uma alucinante refeição. Porém nada o deixava mais feliz do que subir pelas árvores do quintal. Escolhia sempre as mais altas, aquelas em que ninguém podia incomodá-lo. Lá de cima sentia-se poderoso e perto do céu, dava seus miaus longos, como a dizer:

- Vejam onde estou? Mirem... Olhem na direção do firmamento!!!

- Quem seria capaz de subir naquele coqueiro pertinho das nuvens! Ficava ele dando saltos, subindo e descendo aos poucos. Só que esses deslocamentos que fazia não se podia chegar nem perto, de tão alto. Ele se achava corajoso. O tal!!! Daquela redondeza nenhum da sua raça o imitava.

Sua dona parecia enlouquecer, chamando-o carinhosamente:

- Nicolau, meu bem, desce daí. Vem, por favor, não me deixa nervosa! Nick, vem nick, para sua cestinha!

O animal não ligava a mínima. Parecia fazer de propósito. Garboso mexia o pêlo fino e abundante que brilhava como ouro, diante dos raios do sol. Passava um tempão trepado nas árvores.

Era um gato enorme, com lindos olhos amarelados. Tinha um ar misterioso e sagaz. Não era mais jovem, mas mantinha as aparências... Gostava de se sentir admirado, paquerado, seduzido.
As gatas do entorno suspiravam por Nicolau. Faziam reverências quando ele passava orgulhoso e cheio de saúde. Coitadas! Eram desprezadas... Nem mesmo um olhar malicioso para as gatinhas ele se dignava a fazer. Todas, sem exceção, caiam de amores por aquele gatão.

Certo dia, Nicolau cismou, logo cedo, e subiu o coqueiro mais alto do seu quintal. Passaram-se várias horas e nada de descer daquelas alturas!

A dona estava preste a ter um infarto de tanta agonia. Chamava, gritava, batia palmas, assobiava, nada de Nicolau dá confiança. Sem mais alternativas, resolveu chamar o Corpo de Bombeiros. Os valentes soldados chegaram depois de algumas horas, pois estavam salvando vidas de pessoas num terrível incêndio na cidade.

Ao chegar ao quintal e observar as traquinices de Nicolau, acharam que seria fácil o resgate. Já estava anoitecendo e as condições não se faziam favoráveis para um trabalho de tamanha dificuldade, pois os galhos e arbustos se entrelaçavam nas alturas e a visão ficava comprometida para efetuarem o serviço. Depois, ele podia pular para a casa do vizinho junto ao canil dos cachorros e seu dono temia pela tragédia.

Nesse caso, agradeceu os bravos soldados e passou mais uma noite às claras...

De manhã, ao acordar, lembrou-se que o Sr. José sempre subia nos coqueiros para tirar os frutos e, assim, teria mais chance de salvar Nicolau. E lá se foi num táxi apanhar o tal salvador da pátria na periferia da cidade.

Sr. José, com a agilidade que lhe era peculiar, subiu na árvore com todo cuidado para não assustar o gato presepeiro. Já perto de onde se encontrava o tal bichano olhou-o e nada disse. Foi aos pouquinhos se aproximando como se tivesse algo a lhe dizer. O gato mais que esperto soltou um dos seus exagerados miaus e cuidou de pular para o lado contrário.

O pobre homem ficou decepcionado! Adivinhem aonde Nicolau foi parar? Isso mesmo, próximo ao canil. Mas foi mais rápido do que se esperava e fugiu às pressas... Ao atravessar a rua, foi atropelado e morreu.

Assim, terminou a saga do gato metido a valente que não se submetia às ordens de ninguém, nem mesmo de sua dona. Por sua valentia perdeu a vida de maneira trágica.

Dona Laura ficou dias e dias triste a chorar pelo seu animalzinho de estimação. De tanta tristeza adoeceu. O médico que a tratou recomendou que ela fizesse uma longa viagem para esquecer um pouco o que tinha acontecido. Seguindo o conselho do profissional, atravessou mares, oceanos para esquecer a perda irreparável do amigo inesquecível...

Maria Evan Gomes Bessa

Praia de Iracema

PRAIA DE IRACEMA




Águas revoltas na ponte metálica
E o mar de um verde estonteante
Brinca com o vento em ondas
Que agitam turistas e visitantes.


A linguagem do mar é envolvente
Seduz a todos com seu simbolismo
E se traduz em falas misteriosas
Que inspiram ou provocam imobilismo.


Quantas histórias e vidas se passaram
Naquela praia de mares bravios,
Onde os poetas e boêmios viram
Guerreiros deslizarem em seus navios.


E a índia Iracema a correr na areia
Linda, esbelta, de pés descalços,
À espera do Guerreiro vive ainda
No inconsciente coletivo do povo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Boneca de Pano

A boneca de pano, não anda.
Não mexe a cabeça sozinha
Lilia toca na bonequinha e mexe.
A boneca vai, vem e anda.


Lilia comanda os trejeitos
Faz dela robozinho na mão
A boneca dança, samba, gira.
E vai ficando do seu jeito.


A pobre boneca não diz nada
Faz tudo que a dona quer
Não fala, não grita, não ouve.
Mas a danada é enganada...


Lília comprou-a na feira
Na cidade de Cascavel.
Uma boneca brejeira
Dentro de uma peneira.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Marola, Marolinha...

Marola, Marolinha...



A crise econômica que se instalou na maior potencia mundial, EEUU, vem causando seus desdobramentos na Europa, Ásia, Africa e América Latina.

A princípio, o Brasil não seria atingido, pois quando muito, iria sofrer com uma “marolinha”...

Santo Deus! Quanta ingenuidade! Diante de uma economia globalizada?!!!

Não precisa ser expert em economia, empresário, físico, gestor público, para se perceber que o mundo inteiro seria abatido por uma crise de proporções inimagináveis.

No Brasil os noticiários não escamoteiam os acontecimentos, porque a crise está aí.
A mídia, diariamente, alardeia os efeitos da tal “marola”: Bolsas despencando, Bancos se reestruturando para tentar escapar da crise, Empresas efetuando cortes de funcionários ou dando férias coletivas para aliviar prejuízos incalculáveis e muitas outras estratégias estão sendo implementadas. Nada, nada, estanca o vexame.

O governo despeja dinheiro nas empresas, baixa impostos, corta orçamento para que a “marolinha” não atrapalhe a taxa de crescimento para o ano de 2009, e não haja desemprego em massa, além de não respingar nas eleições de 2010. Mesmo assim, continua a incentivar os brasileiros a continuarem comprando.

Sabe-se que não é possível acabar com os efeitos da crise num passe de mágica. Diz o dito popular: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Pobre de nós brasileiros, temos que assistir todas essas manobras e ficar imaginando as saídas para enfrentar essas dificuldades.

Que Deus nos ilumine nessa busca para escapar do pior!!!


Evan Bessa

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Céu chorou por um Homem

O Céu chorou por um Homem



O céu de janeiro que aparecia sempre azul pela manhã, hoje, logo cedo, estava plúmbeo. Nuvens pesadas e escuras tomavam o espaço celeste, prenunciando chuva abundante. Olhei por um tempo para o alto e fiquei cismada. O tempo havia mudado rápido, de um dia para outro. Depois de algumas horas o céu chorou, pingos grossos de lágrimas pela partida de um homem que representava muito para os fortalezenses – o ex-prefeito Juraci Magalhães. O soluço do vento acompanhava as gotas que desciam incessantes e, ao mesmo tempo, os trovões avisavam à população da viagem, daquele homem para um plano superior.

Um cidadão simples, de origem sertaneja, “cabra macho,” valente nos seus propósitos, cheio de energia para o trabalho, médico e político, por vocação. Em poucos anos, como gestor público mudou o perfil da 4ª capital do país. Por três vezes o povo o elegeu, e ele, mesmo com os inúmeros jogos políticos, os quais necessitava estar sempre atento, soube driblar muito bem adversários e se fortalecer realizando um governo produtivo. Suas obras nas áreas de educação, infra-estrutura, saneamento, habitação, dentre outras, eram desenvolvidas com tremendo cuidado. A condução de gestões eficientes surgiam com os resultados a dar na vista – “era só abrir a janela” dizia o slogan, insinuando as mudanças efetivadas em todos os bairros.

Juraci Magalhães era uma pessoa voltada para o bem estar de sua terra. Apesar de não ter nascido em Fortaleza amava esta cidade e seu povo. Ia constantemente à periferia, chegava de surpresa nas escolas, nos postos de saúde, nas ruas e conversava e ouvia todos. Mesmo com boa formação científica, instrução, falava a linguagem do povo, não por demagogia, mas por identificação com um vocabulário simples, sem sofisticação que se comunicava perfeitamente com o interlocutor ou mesmo o eleitor.

Fortaleza vai guardar na memória afetiva a figura desse sertanejo de Senador Pompeu, do médico cearense e do prefeito realizador e obstinado.


Evan Bessa

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"Infância"

Infância


Ainda menina, me lembro,
Das árvores do meu quintal,
Dos passarinhos gorjeando
Uma melodia imortal.


Ainda menina, me lembro,
Das frutas maduras do pomar,
Do figo, do tamarindo
Sua polpa e seu paladar.


Ainda menina, me lembro,
Da água límpida e cristalina,
Do rio da minha aldeia
Lavando meu corpo franzino.


Ainda menina, me lembro
Dos sonhos, ilusões pueris,
Marcados no relógio do tempo
Nas lembranças infantis.



"O Barco"

O Barco


O barco embarca no cais
Leva o barco dos enganos,
E no porto o desembarga
Na barca do desencanto.


O oceano engole a barca
No embarque de suas ondas,
A maré devolve a barca
Com sonhos e esperanças.


Que águas mais transparentes
Desembarcou essa barca
Que até a deusa dos mares
Fez festa no desembarque.


Os sonhos navegam no barco
Da barca da esperança
Deixa então que minha vida
Embarque nessa bonança.


"Tecnologia de Ponta"

Tecnologia de Ponta



É assim mesmo, que iniciamos esta crônica: “Tecnologia de Ponta” linguagem usual nos meios técnicos-científicos, ligados à informática e, também, à outras áreas do conhecimento. Pois bem, o termo surgiu numa conversa em família, só que, com outra conotação. Isso mesmo. A modernidade está aí com seus avanços seguidos no plano tecnológico, científico, técnicos, inovando a cada dia métodos e estratégias com fins de descobrir inventos para ajudar a humanidade. O caminho já está sendo feito...

O grande desafio é, na realidade, se construir uma nova maneira de conviver. Criar uma “tecnologia de ponta” que permita as pessoas aprenderem a se relacionar com mais dignidade. Inventar uma pedagogia de vanguarda que possa partir do amor, da fraternidade, do respeito, da ética. É essa a questão que se colocou à mesa e nos levou a refletir acerca de que formas e modos, pelos quais poderíamos inserir o novo nas relações interpessoais, nas comunicações, e nos diálogos entre indivíduos. Foi então que lembrei de Cecília Meirelles. “A vida só é possível reinventada”.

Qual seria a lógica para se criar mecanismos eficientes e eficazes e se chegar a tal desafio? O resgate de princípios e valores da sociedade antiga, ou, por estarmos nem pleno século XXI, a solução seria repensar outras idéias que viessem se ajustar ao “modus operanti” da sociedade atual?

Todos esses questionamentos remetem a uma revolução na educação, partindo do seio da família, da escola, das instituições, da vida social e cultural da sociedade em que vivemos e, da consciência de cada um de nós. Uma ousadia que foge dos parâmetros vigentes, porque o que se observa é, exatamente o contrário. A violência, parte da sala de visita dos lares e se reproduz lá fora, através de comportamentos e atitudes que fogem completamente a essa nova pedagogia a ser incorporada pelos humanos. Não queremos aqui levar em consideração credos, raças, nacionalidades, ou quaisquer outros elementos que possam favorecer, ou não, as conquistas de uma forma diferente de viver e conviver entre seres inteligentes. Sonhos, utopias, por que não?

A complexidade da criatura humana é fator inegável que pesa na convivência diária e nas relações interpessoais. Contudo, há de se entender que, reconhecer o outro na sua plenitude, sabendo que ele pode ser visto e respeitado na sua dignidade de SER, essência, espírito, alma, ou algo mais que o complemente na sua estrutura de homem é um avanço da inteligência. Aprender a ser tolerante com o outro, ouvir com paciência idéias e opiniões contrárias, percebendo a singularidade de cada um, não é nada fácil! Precisa, antes de mais nada, estar centrado nas mudanças necessárias a serem introduzidas, a fim de se vislumbrar um horizonte colorido, como um belo arco-íris.

Posturas mais firmes e uma percepção de que, nós mesmas, podemos transformar essa “tecnologia de ponta” e melhorar a humanidade a começar com atos e gestos humanitários precisa ser a nossa meta: Enxergar o outro como ser, gente, e, ao chegar até ele, usar a linguagem do amor, do afeto, do perdão, da compaixão; Praticar e semear a bondade, a justiça , a caridade com qualquer ser vivente, não esquecendo de ser solidário nos momentos difíceis; Compartilhar objetiva ou subjetivamente de bens, dons e talentos; Perseguir um crescimento no plano espiritual, tanto no âmbito individual, como no coletivo; Exercitar a fraternidade desde cedo junto às crianças, aos jovens, aos adultos e idosos; Introjetar uma filosofia de vida que passe pelo bem-estar de cada um e de todos, visando essa felicidade de viver e conviver em comum-união (comunhão) consigo mesma, e com o outro. Eis aí uma direção...

Na nossa compreensão seriam os passos iniciais para uma evolução, ou melhor dizendo, uma revolução da humanidade. A “tecnologia de ponta” para se reconstruir relações mais dignas entre seres humanos e uma convivência pacífica, tendo por base o mandamento do AMOR. Lao-Tsé, filósofo chinês, (séc. 5 a.C) afirmava que: “O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos.” Essa é uma lição que devemos apreender. Reformular conceitos, para superar obstáculos na vida e atingir a utopia da paz, do diálogo amoroso e da felicidade no trato entre homens e seus semelhantes no cotidiano de suas relações.


Evan Bessa

"Sonhos"

Sonhos


Hoje, li nos jornais notícias devastadoras.
De violência, seqüestro, fome e morte,
O homem refém de sua própria sorte
Sem rumo, sem prumo, sem norte.


A luta pela sobrevivência constante,
Empurra-o a tomar atitudes impensadas,
Como sina busca simulações inventadas
E se deixa ficar de pés e mãos acorrentadas.


A terra gira em torno de sua órbita,
A cada dia, e as horas passam velozmente,
Em ritmo acelerado, e o homem impunemente,
Passa pela vida insano e rudemente.


Será que não há jeito para outros sonhos
De viver essa realidade, tão atroz,
Pensar, ou até voar como um albatroz,
Que singra oceanos e não se faz algoz?


"A Vitória do Vôlei Brasileiro"

A Vitória do Vôlei Brasileiro



O esporte vem a cada dia ganhando espaço nas diversas classes sociais. A prática esportiva faz parte do cotidiano do indivíduo como imprescindível para se manter a saúde física e mental de cada um.
A própria mídia reforça, diariamente, em programas, noticiários, jornais e revistas de saúde. Tornou-se uma espécie de modismo. Na realidade uma necessidade do novo século.

O Brasil sempre se destacou no futebol na imprensa mundial. Nossos melhores craques jogam na Europa, Ásia, África ou qualquer outro lugar do planeta. Ultimamente, tem se destacado em outros esportes, tais como: ginástica olímpica, natação, e também no vôlei. Isso sem falar no ídolo de todos os brasileiros, Ayrton Senna que brilhou no automobilismo.

Hoje, os brasileiros puderam acompanhar a equipe de voleibol trazer mais um título para o país. Uma moçada plena de energia, garra, raça e sentido de equipe bem acurado, os levaram a mais uma vitória espetacular de competência e concentração no objetivo maior que era vencer, vencer.

No outro lado do mundo, na terra dos Kamicazes, a vibração na quadra era geral. Japoneses, brasileiros, gritavam e a euforia ia aumentando a cada set que a equipe lutava e chegava lá.
Polônia e Brasil dois times valorosos, com jogadores bem treinados, focados no jogo com toda força, mas que naquele momento estavam competindo pra valer. Cada ponto, cada erro de saque parecia pesar para ambos os lados. Chegavam a se igualar no placar, no entanto, poucos segundos depois, o desempate surgia rapidamente. Foi um jogo de muitas emoções e com jogadas incríveis, espetaculares.

A vitória brasileira com um bicampeonato dos mais esperados e desejados pelo grupo de vôlei em quadra, bem como pelos seus compatriotas. Dias e dias de expectativas, sofrimento diante do enfrentamento com outras grandes equipes mundiais deixava uma certa tensão mas, nunca, a impossibilidade de levar o troféu para casa. O pensamento positivo, conjugado ao esforço individual e coletivo ao mesmo tempo, a disciplina, o entusiasmo conduziam a equipe a alcançar a meta dos técnicos, auxiliares e jogadores.

Para coroar toda essa vitória os jogadores Dante e Giba foram condecorados como os melhores atacante e jogador do torneio, respectivamente. Uma glória, não acham! Duplo reconhecimento.

Um povo que vive com tantas dificuldades, no dia-a-dia, teve pelo menos a grande alegria nesse final de ano com esse feito surpreendente. Obrigada moçada! Podemos sonhar por um país melhor...



Evan Bessa

"Saudade da Casa da Vovó"

Saudade da Casa da Vovó



Lá na casa da vovó tem um belo pássaro azul
Que me olha com carinho e canta pras banda do sul.

Lá na casa da vovó tem um burrinho trotando
Vai e vem sempre alegre e me deixa conversando.

Lá casa da vovó tem uns rios cristalinos, lindos!
Que a gente toma banho e se diverte sorrindo.

Lá na casa da vovó tem um pomar grandioso
Com árvores bem gigantes e frutos deliciosos.

Ah! Ah! Que saudade da casa da vovó!
Tão cheia de surpresas com seus doces de jiló.




Evan Bessa

"O Encanto da Música"

O ENCANTO DA MÚSICA



Existem coisas na vida que o tempo não consegue destruir, mesmo admitindo que no Universo se obedece ao ciclo da natureza: nascer, crescer e morrer, pois foi assim que se estabeleceu desde o início da criação. A vida do homem na terra se rege por leis físicas, biológicas, químicas, atreladas ao próprio desenvolvimento do indivíduo no seu cotidiano. Um dia, tudo se deteriora, ou pode se metamorfosear, transformando-se em algo diferente da sua gênese.

No entanto, se pensarmos um pouco, chegamos a identificar que o mesmo homem é capaz de construir coisas que podem ficar registradas para sempre, na história da humanidade.

Nesse sentido, quero me referir à boa música que perpassa séculos e atravessa milênios. Compositores geniais como Bach, Wagner, Chopin, Beethoven, Mozart, e tantos outros grandes músicos passaram pela terra, cumpriram o seu ciclo de vida e deixaram peças que, ainda hoje, são consideradas obras primas, porque extrapolaram a barreira do tempo. O significado dessas obras para as gerações que se sucederam foram de inestimável importância, tanto no que concerne à plasticidade da composição, da harmonia, dos movimentos, bem como agregado a isso, o seu valor estético. Essas obras contribuíram para abrir novos horizontes e serviram de base para estudos mais aprofundados sobre a música clássica e erudita.

Quantos talentos emergiram a partir do conhecimento das sonatas, dos minuetos e de outras peças trabalhadas por aqueles gênios da música que marcaram profundamente a sensibilidade de novos artistas que, com o seu potencial nato e muito esforço, conseguiram recriar outras tantas composições!

Aqui no Brasil, poderíamos destacar Carlos Gomes, Vila Lobos, Pixinguinha, Tom Jobim e outros artistas que, no campo da música erudita ou no da música popular, mostraram condições plausíveis para o ofício.

Nada mais pode encantar alguém do que ouvir uma melodia que entra pelos ouvidos, chega ao cérebro e faz o coração ficar embevecido. Os sons na mais perfeita harmonia nos transportam a lugares, situações ou fatos pelos quais já passamos ou idealizamos nos nossos sonhos, na nossa utopia solitária de cada ser humano. Além de nos proporcionar um relaxamento salutar, a música acalma, faz bem à alma e ao espírito.

No programa semanal na TV Senado sobre música clássica, seu produtor e apresentador, jornalista Artur da Távola, sempre ressalta: ”Quem gosta de música não é solitário porque tem vida interior.” Na verdade, concordo plenamente com a assertiva. A boa música nos enche de um prazer colossal, penetra nos poros e se impregna no âmago do ser, nos preenchendo de tal forma, até atingirmos a plenitude e a paz interior. Chega a nos levar a um estágio de verdadeira sublimação.

Não sou adepta apenas da música erudita, mas também da música popular feita com esmero, apresentando letras e melodias que traduzam beleza e nos elevem, na medida em que, a partitura envolva processos melódicos, harmônicos, sonoros, rítmicos que se conjuguem dentro da composição e mexam com os sentimentos, com as emoções, com o corpo, o qual poderá atingir em determinados momentos uma quase levitação, tal é a magia que exerce no ouvinte.


A música é essencial na vida do ser humano no tocante ao equilíbrio da mente-corpo-emoção-sentimentos. A relevância é tamanha que, em muitos casos, chega a curar males psíquicos, stress e transtornos emocionais. A medicina faz uso desses mecanismos para ajudar nos tratamentos de várias patologias que, além de utilizar remédios, tem na música uma aliada para minimizar dores, angústias, cansaço físico ou mental e passar a ser coadjuvante, por alguns momentos, do próprio médico e do paciente que sofre.

Certamente quem acompanhou nos últimos dias pela a mídia a chegada ao Brasil de bandas internacionais: Rolling Stones, U2, pôde aquilatar o peso com que as músicas desses artistas influenciam os jovens de hoje e, há décadas, se mantêm num patamar sempre elevado na preferência de adultos e de senhores e senhoras que gozam da terceira idade. Músicas antológicas que marcaram época e com a sua força melódica conseguiram ultrapassar o tempo. E, assim, passa a ser música universal, na acepção da palavra.

Podíamos citar compositores nacionais como: Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Cazuza, apenas para destacar alguns, que fizeram canções de valor estético e belezas memoráveis e permanecem no cenário musical há bastante tempo, fazendo-se ainda presentes no bom gosto das gerações que se sucedem.

Artistas que mostraram a sua genialidade em letras e melodias bem trabalhadas, com mensagens que tocam a sensibilidade do ouvinte e os transportam, fazendo questionar ou admirar a vida, o ser humano, ou mesmo, nas sutis ironias, levar a uma reflexão sobre o mundo com todas as suas contradições.

Em cada canção, pode se encontrar nas entrelinhas a preocupação com o social, o amor, a solidariedade, a justiça, a desigualdade, enfim, tudo que atinge o tecido social, as massas, o ser humano, como indivíduo, único, mas também como coletivo, parte de uma sociedade no plano universal.

De todas as diferenças existentes entre povos nos âmbitos culturais, raciais, ideológicos ou sociais, um dos elementos que pode ainda unir idéias, pensamentos, sentimentos, com certeza, é a música de qualidade, ou seja, a boa música que nada impede de penetrar nos ouvidos e permitir chegar-se a um estado de encantamento ou êxtase, reunindo os diferentes para apreciar o belo.



Evan Bessa

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"O Fantasma da Estrada"

O Fantasma da Estrada
(2º Lugar no III Concurso Literário Professora Edith Braga)



A tarde estava quente. Debaixo de um sol causticante, ela se preparava para chegar à casa dele. Até lá, devia percorrer uns 130 quilômetros numa pista esburacada e com péssima sinalização. Na tentativa de aliviar o desconforto, ligou o rádio e, para sua surpresa, tocava uma música antiga. Procurou mudar de estação em busca de um som “mais maneiro” como dizem os jovens. Realmente, chegava agora aos seus ouvidos uma balada que lhe trazia inúmeras recordações. Conseguiu imprimir uma velocidade mais alta embalada pela melodia que falava de um amor perdido no tempo. Sua cabeça parecia mais leve, o ar-condicionado do carro atingia uma temperatura agradável, e a viagem passava a ter sentido mais nítido. O raciocínio, agora claro, ajudava a formatar os pensamentos que afloravam em sua mente.

De repente, uma aragem cobre todo o carro e à sua frente surge um vulto de uma mulher desconhecida. Tivera que brecar o automóvel para não acontecer o pior. Já escurecia. A imagem da mulher se aproximava cada vez mais da condução. Uma sensação de calor volta a incomodar. Pára, abre a porta para saber a razão de tamanha sandice. Ao se aproximar, percebe que ali estava uma ave de plumas de grande porte e bico saliente. Os olhos do animal encaravam-na com fúria e terror. Nesse momento, um calafrio tomou conta do seu corpo e com um grito ensurdecedor fez a ave desaparecer de sua frente. O que significa isso? Com as pernas bambas, o vento em assobio e a pista com pouca luz, porque os faróis do carro estavam acesos, procura abrigo. Tateando, retorna ao veículo, quase desfalecida, tenta pôr em movimento, colocar a chave na ignição. Não consegue realizar o intento. Começa a se apavorar. O medo a domina completamente...

A essa altura, já não consegue pensar em nada. Sente-se bloqueada, sem atitude, perdida...

O vento forte provoca um enorme barulho. A estrada estava vazia, escura. Nenhum sinal de carro se aproximando. Confusa, cansada, resolve aguardar socorro. Alguém teria que atravessar aquela estrada, pensa. O tempo vai passando, a espera a faz adormecer profundamente.

Depois de algumas horas, um caminhão de carga surge na estrada. O motorista, ao perceber que existe algo no meio da pista, desce para ver de perto aquilo tudo.

Todos estavam horrorizados com o estado do carro e da mulher no seu interior. O veículo atravessado no asfalto, manchas de sangue desenhadas com figuras irreconhecíveis na lataria e uma mulher desfalecida no banco traseiro. Com o barulho de falas, ao seu redor, acorda meio apavorada. Tenta, por alguns instantes se recompor e, com muito esforço, relata o que tinha acontecido naquela noite.

Rondava por ali um mistério! Quem poderia explicar?

O reboque demorou a chegar, para levar o carro. A mulher foi colocada no caminhão e encaminhada ao hospital. O motorista se encarregou de ir à polícia providenciar o boletim de ocorrência.

Ele, do outro lado da cidade, esperou por toda a noite, com o coração apertado e em sobressaltos. Desenganado, tinha certeza de que havia perdido o seu grande amor.

E o mistério da noite fica para ser desvendado...

Opiniões de Escritores

"Evan Bessa trabalha a magia do deslumbramento. Seus contos direcionados aos pequenos leitores são de grande teor pedagógico pela exaltação aos elementos formadores da cidadania. Seus personagens: "Zeca, o Grilo Vaidoso", "Cida, a Estrela Sonhadora", dentre outros, constituem emissários das regras do "bom viver". "O Incêndio na Floresta", "O Zoológico em Festa", "As Aventuras na Casa da Vovó Liquinha" e a menina "Siloé", todos estes títulos despertam o interesse da criançada, evidenciam assuntos do dia-a-dia, a citar: a preservação da natureza, a conservação do patrimônio público, o respeito às diferenças, a solidariedade, a fraternidade, o amor ao próximo."

"A Vida nas Asas do Tempo" / É a canção de amor e de saudade / Definida na excelsitude de uma artífice / Vislumbrante na sensibilidade de um anjo / Que se fez Mulher!"


Francinete Azevedo Ferreira
Escritora da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno, Membro da Associação da UJEB, UBT e ALMECE.

"Em síntese, Evan Bessa, a exemplo de todo criador, procura trabalhar sua palavra como forma de libertação, como alimento necessário, como maneira de superar as dores e angústias existenciais, como uma procura incessante de paz e harmonia."

Giselda Medeiros - Pertencente à Academia Cearense de Letras

"Nos seus poemas ela extravasa toda a sua sensibilidade, questiona o finito e infinito, a vida e a morte, a dor e a alegria, penetrando no coração dos seres e das coisas."

Leda Costa Lima - Poetisa e Trovadora da Academia Fortalezense de Letras e da UBT

"Li e reli "A Vida nas Asas do Tempo" e só agora posso lhe dar aquele abraço de agradecimento pelo grande lançamento literário. Que bela lição de SENSIBILIDADE, sua linguagem elegante, sua riqueza e precisão vocabular me emocionaram bastante. Poesias como: Preciso de Você, Sonhos, Realidade, Amor Partilhado, Esperança e Ousadia, Infância, Realidade, englobando flagrantes do cotidiano, conflitos de situações, desencontros de mundos, lembranças de infância... mexeram muito comigo. Seu LIRISMO é perturbador. No momento ele está sendo o meu livro de cabeceira. Parabéns!"

Lúcia Negreiros - Amiga

Eventos


Natal da Academia Feminina de Letras do Ceará

Discurso de Posse na Academia Feminina de Letras

Lançamento do Livro de Poesia na Terça-Feira Prosa e Verso


Noite de Autógrafos


Lançamento do Livro "Siloé", no Shopping Center Um


Peça teatral: "O Incêndio na Floresta", Parque Adahil Barreto, alunos das Escolas Municipais

Prefeito falando sobre a apresentação da peça

Oficina de Literatura Infantil para Professores

Capacitação para Professores da Rede Pública

Prêmios, Diplomas e Medalhas

Agraciada com o Sêlo Amigo do CEJAI (Comissão Judiciária de Adoção Internacional do Ceará)/2006, na Bienal Internacional do Livro - Contadora de histórias.

Premiada no III Concurso Literário Professora Edith Braga - 2º Lugar: conto "O Fantasma da Estrada".

Resumos dos Livros Publicados

Sarita leva um susto com uma lesma e fica a imaginar tantas e tantas coisas...




A bruxa poderosa usava seus poderes para mexer com as crianças, causando-lhes medo e pavor.




1ª Edição


2ª Edição


Um incêndio desastroso mobiliza escola e comunidade em defesa da natureza.




1ª Edição


2ª Edição


O grilo Zeca era um verdadeiro atleta, e cuidava da sua saúde e curtia a vida...




Os animais do zoológico estão ansiosos porque terão novos amiguinhos. Vejam que festa aprontaram...




Cida, a estrelinha que vivia sonhando em mudar o "habitat". Será que ela vai conseguir?




Zezinho em férias na casa da Avó passa por aventuras inesquecíveis e grandes desafios.




1ª Edição


2ª Edição


Siloé é uma menina do nosso tempo: ousada, inteligente, curiosa, perspicaz, com uma dose de humor bem acentuada. As crianças vão se identificar de alguma maneira com suas atitudes.



"A Vida nas Asas do Tempo" aborda temas variados sob a forma de poemas construídos em versos livres, sem a preocupação do esmero formal da métrica.

Obs: Editora IMEPH e Gráfica Expressão Editora Ltda.

Livros Publicados

Literatura Infantil:

- Sarita e a Lesma - 1ª Edição
- A Bruxa Poderosa - 1ª Edição
- O Incêndio na Floresta - 1ª Edição e 2ª Edição
- Zeca, o Grilo Vaidoso - 1ª Edição e 2ª Edição
- O Zoológico em Festa - 1ª Edição
- Cida, a Estrela Sonhadora - 1ª Edição
- As Aventuras da Casa da Vovó Liquinha - 1ª Edição
- Siloé - 1ª Edição e 2ª Edição



Poesia:

- A Vida nas Asas do Tempo - 1ª Edição


Editora IMEPH e Expressão Gráfica Editora Ltda.

Conheça mais sobre Evan...




Sou professora, funcionária pública aposentada, nascida no sertão de Canindé, mas adoro as praias e as serras do meu Estado. Admiro o verde das matas, as águas do rios, as cachoeiras e o canto dos pássaros. Enfim, amo a Natureza.

Produzo textos que trabalham o lúdico, a fantasia e a imaginação das crianças. Utilizo temas como cidadania, meio ambiente, ética, dentre outros, com uma linguagem simples e acessível para o público alvo, podendo o professor aproveitá-los em suas aulas para desenvolver projetos educativos ou, mesmo, articular as histórias com os temas tranversais do currículo.


Tenho um livro de Poesia publicado. Escrevo também crônicas e contos, além de textos publicados em jornais, Antologias e informativos.


Pertenço à Academia Feminina de Letras do Ceará - AFELCE; à Associação dos Jornalistas e Escritores do Brasil - AJEB/CE; à Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno e à Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil - AEI - LIJ.