quinta-feira, 23 de junho de 2011

RECORDAÇÕES DE TEMPOS VIVIDOS

Estamos caminhando para o final do mês de junho. A mídia se encarrega de mostrar a alegria reinante nas festas juninas espalhadas por todo o nordeste. Não consigo sintonizar com toda essa animação. Parece que estou flutuando no ar... Fico imaginando em outras épocas, em que estas festas me enchiam de prazer. Nunca fui de dançar quadrilha, mas adorava assisti-la e me divertia muito.
Hoje, já não sinto vontade de participar de tal evento. O tempo passou e eu mudei. Talvez porque não tenha mais junto de mim, pessoa da minha família que, como eu, adorava as comemorações e, agora, se encontra em outro plano.
Lembro que minha mãe vibrava com a festa dos seus Santos prediletos: Antônio, João e Pedro. Para cada um tinha sua devoção especial. Era também o mês de seu aniversário, exatamente no dia 29 de junho – Dia de São Pedro.
Como ela gostava de receber os filhos, netos, genros e nora! Não que houvesse festa, no entanto, era um momento de reunir a família. Isso já lhe trazia uma enorme satisfação. Quando íamos para a casa de praia de minha irmã para comemorar essa data, ela ficava radiante. Ouvia as músicas em volta da fogueira, frente à mesa farta de comida e bebida. Virava criança! Queria provar das comidas típicas, nem que fosse um pouquinho. Mamãe era uma figura! Se estivesse com os filhos próximos sentia-se regozijada, nada lhe dava mais prazer e alegria do que estar com sua prole. Como quase todas as mães era muito apegada a todos nós.
Quando casei, mamãe custou a se conformar, pois achava que eu ia ficar solteirona sob sua proteção. Ela sempre foi insegura, carente, precisava a todo o momento que os filhos estivessem por perto. Mal sabia que ela é que era o nosso Porto Seguro...
Por isso, neste mês, fico a me perguntar por que não consigo me motivar para os festejos. Como diz o ditado popular: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Talvez haja uma explicação plausível, porém ainda não pude atinar toda a complexidade.
Dia de São Pedro vou meditar sobre a vida desta senhora que viveu quase 90 anos, plena de alegria e curiosidade por tudo que a cercava. Quem sabe, se lá onde se encontra não esteja em festejos com toda a corte celeste! Pois, agora, lembrando sua imagem, vejo-a iluminada, com um sorriso tímido nos lábios, abrindo os braços para enlaçar todos nós, seus filhos, com afeto e muito amor. Este gesto e o seu olhar diziam-nos coisas do infinito, dada a sua sabedoria e perspicácia.
Minha memória afetiva está presa a lembranças de um passado que teima em não me deixar...

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