segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PAIXÃO DESVAIRADA

O mar é grandioso, absoluto! O nosso olhar fica magnetizado diante de tanta imensidão. A vista não consegue ultrapassar o horizonte distante, milhas e milhas do lugar de onde nos encontramos. No entanto, os nossos pensamentos navegam com as ondas brancas e agitadas, pulando como criança nas brincadeiras frenéticas.
Há poucos dias atrás, tive o privilégio de exercitar o meu olhar frente a um mar azul, às vezes esverdeado, com ondas branquinhas indo e vindo até a praia. Barcos, jangadas e navios passeavam lentamente a minha frente, como se estivessem perdidos no tempo, apenas apreciando a beleza do oceano. Do 14º andar do apartamento do hotel me sentia quase flutuando ao mirar a beleza infinita desta obra do Criador. Como somos pequenos diante dessa maravilha! Não havia computador no quarto para que eu pudesse expressar as emoções vindas em turbilhão. Havia algo represado no meu coração que segurava as palavras que não podiam ser escritas para traduzir o momento presente. Andava pelo quarto todo e, sem me dar conta, chegava novamente à janela e ficava diante do mar. Parecia hipnotizada. Embevecida com a aragem que soprava vindo do norte e ia me inebriando com o frescor que me dava arrepios, viajava em pensamentos e os sentimentos ficavam à flor da pele.
Desde garota tenho paixão desvairada pelo mar. Eu mesma não entendo, uma vez que nasci no sertão quente, seco e com pouca água. Quem sabe se esse amor pelas águas revoltas do oceano não seja a lacuna que precisa ser preenchida para sacudir o meu viver? Sou uma pessoa movida pela paixão em tudo que faço ou abraço. Ela me motiva, me desperta, tira-me da sonolência, da indolência. Por isso, o mar me seduz, me empurra para seus braços vigorosos e desperta em mim o medo pela sua imponência e seu poder assustador.
Como curti esses dias!... Como viajei sem sair do quarto do hotel! Quantas sensações foram experimentadas! Quantas emoções e sentimentos arrebatados e, ao mesmo tempo, refreados. Exercitei meu olhar em todas as direções e o fiz com persistência, percebendo cada detalhe daquele oceano, da paisagem e do belo cenário que teimava em me seduzir e me deixar em êxtase, como faz com os verdadeiramente apaixonados.
Oxalá pudesse repetir esse exercício sempre, para nunca perder a emoção de me ”enamorar” do mar e estar permanentemente consciente da imensa paixão que ele me desperta!

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