terça-feira, 10 de abril de 2012

MARACATUS

Lembro-me da época de carnaval da minha infância. Próximo a nossa casa morava um integrante de uns dos maracatus, se não me engano, “Rei de Paus”. Os ensaios que antecediam o carnaval passavam pela rua. Parava em frente à residência do rapaz. Ele saía vestido a caráter, com roupas maravilhosas, uma vez que ele era a Rainha do referido Maracatu.
Os meus olhos de criança ficavam extasiados quando aquela rainha imensa entrava no bloco já dançando, naquele ritmo cadenciado dos maracatus. Era uma cena inesquecível. As fantasias volumosas e ricas em adereços. Homens pintados de tinta preta, com apenas os olhos descobertos e a boca, pintada de um vermelho escarlate. O rei e a rainha se destacavam com suas belíssimas coroas de pedras em diferentes cores, cravejadas num metal dourado.
Cada ala tinha suas respectivas peculiaridades. Cestos enormes com frutas enfeitavam a cabeça de alguns participantes. Outros traziam cachimbos na boca representando o preto velho geralmente por um casal já idoso. Havia também crianças que se vestiam com o figurino da agremiação. A música tinha característica própria, usava instrumentos musicais direcionados para produzir o ritmo desejado. Emitiam um som pausado com leveza, porém com certa melancolia. Os maracatus dançavam obedecendo a cadência. Faziam movimentos variados, rodopiavam com suas saias brancas, rendadas e longas. O espetáculo se repetia todos os anos.
A Av. Visconde do Rio Branco, pertinho da casa da rainha, ficava tomada por curiosos e também pelos amantes do carnaval. Assistíamos um teatro a céu aberto. O povo aplaudia com sorrisos largos, aprovando a beleza do bailado.
A origem dos maracatus remonta da África com a chegada dos escravos ao Brasil. Os negros cantavam e dançavam suas canções com a tristeza e a saudade que sentiam do país além mar. O nosso país acolheu os irmãos que junto com os portugueses deram início a diversidade de raças e costumes.
Na realidade, a cada ano relembro dos momentos prazerosos que passei na infância, quando me deliciava com aqueles maracatus que até hoje povoam minha memória.

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