sexta-feira, 12 de março de 2010

TURBILHÃO DE EMOÇÕES


Evan Bessa




A luz cristalina da lua atravessou a porta de vidro e iluminou o assoalho da casa. De repente, a sala ficou diferente! As nuances e o brilho da luz se espalharam e sombrearam o chão escuro e os outros espaços do ambiente. Sentada na cadeira de balanço estava Marina, segurando um livro que lia com imensa voracidade. Uma história interessante de um reino, aonde rainhas, príncipes e princesas viviam num mundo irreal - de luxo e riquezas. Enquanto, o restante do povo padecia com a realidade cotidiana, comum a quase todos os viventes.

A dualidade das realidades sociais, econômicas e comportamentais dos personagens, bem como a trama revirava a cabeça da leitora que ora, se deliciava com a narração ora, se entediava e se revoltava com as passagens descritas.As contradições saltavam aos olhos. Mas, diante do espetaculo da noite, do clarão reinante no local onde se encontrava desviou a atenção da leitura. Fechou o exemplar e colocou no colo.

Marina voltou ao tempo de jovem cheia de sonhos e esperanças. Repassou um a um seus desejos, suas utopias e diante da noite prateada que invadia sua casa, as lembranças mais recônditas dos tempos idos começaram a explodir como fogos de artifícios. A beleza dos vinte anos aparecia no espelho da memória. Um rosto bonito, um sorriso largo e um corpo de fazer inveja, dada as formas e contornos bem delineados sobressaiam nas faces do espelho como a querer mostrar que o tempo havia passado e pouco, muito pouco estava ali sentada na cadeira. Momentos de intensa introspecção toma conta de si e, sem perceber começa a passar um filme na sua cabeça. O enredo tinha atores principais, secundários, coadjuvantes. Em determinado momento, o filme aparecia em preto e branco, mas em outros instantes o colorido das cenas confundia a protagonista, de tão arrebatadoras e significativas. Um verdadeiro rebuliço no pensamento tomava proporções indesejáveis, posto que, agora, reinava um tremenda confusão de idéias.A serenidade que a dominava horas atrás transformara em turbilhão de emoções e sentimentos inesperados. A cabeça rodava diante da situação que se apresentava.

A luz da lua continuava adentrando pelas venezianas, portas e janelas tomando toda a casa e, ironicamente, invadindo o corpo e os sentidos daquela senhora com a mesma intensidade da lua prateando a noite, ao acaso, resgatando também, um passado distante.

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