sexta-feira, 12 de março de 2010

ENCONTROS E REENCONTROS

Evan Bessa


Fazia algum tempo que não nos reuníamos... Ano novo, férias, carnaval e tantos outros acontecimentos impediram o nosso Encontro. Passado os motivos mencionados, retomamos a prática de, mensalmente, almoçarmos juntas. Podermos, entre abraços calorosos, reencontrar amigas que se querem bem e se respeitam mutuamente e, entre conversas, trocar ideias e afetos em torno de uma mesa, deixando a alegria fluir e a espontaneidade brotar do coração de cada uma. Rimos de bobagens e de nós mesmas. Fazemos uma espécie de “terapia em grupo.”

Sim, falamos da amizade entre colegas de trabalho, construída ao longo de trinta anos de esforço, lutas e ideais partilhados. Cumpríamos o nosso ofício de “pensar e operacionalizar” políticas públicas destinadas à educação. Com todo vigor da juventude, e, ao longo da maturidade, plantamos as sementes no jardim. Algumas germinaram, transformando-se em flores coloridas e viçosas; outras, não chegaram a crescer de forma adequada e, ainda, algumas morreram sem que viessem a brotar. Regamos, adubamos o solo com paciência e competência frente aos conhecimentos adquiridos e compartilhados, mas nem sempre obtivemos os resultados que esperávamos e sonhávamos. Não foi fácil a nossa jornada, mas nunca deixamos de perseguir a qualidade do nosso plantio, fizesse inverno ou verão, mesmo com sol causticante, não desistíamos de fazer o melhor que podíamos, claro, dentro das limitações humanas, bem como as da própria instituição da qual fazíamos parte. Toda essa caminhada do dia-a-dia foi criando laços de amizade sólidos e de fraternidade que nos irmanam até os dias de hoje. Estamos todas aposentadas. Realizamos sonhos, construímos castelos de saber, pontes de conhecimento e pavimentamos as estradas das nossas vidas, no entanto, não deixamos que a aposentadoria nos afastasse, razão pela qual mantemos os encontros para estreitarmos afetos, trocarmos experiências e vivências cotidianas, de maneira informal, prazerosa e carinhosa. Passamos momentos de descontração, entretenimento dos mais agradáveis, durante essa reunião social.

Fomos mulheres guerreiras e continuamos nessa etapa da vida, enfrentando desafios, renovando saberes, criando alternativas para resolução de problemas, enfim, interessadas pela arte do bem viver, firmes e fortes diante de nossa existência. Sabemos que para viver precisamos de coragem, a fim de ir desvendando os mistérios do desconhecido que vão surgindo. Precisamos enfrentar os sabores e dissabores da vida.

É essa legião de mulheres que juntas caminham para a velhice e não se perturbam, muito pelo contrário, buscam chegar a esse estágio da existência com a mesma desenvoltura com que atravessaram a infância, a adolescência e a maturidade.

Nossos verdes anos se foram, mas conservamos o verde da esperança na alma e nos sonhos de mulheres maduras e conscientes, que nunca deixaram de acreditar na vida.

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