segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"O Fantasma da Estrada"

O Fantasma da Estrada
(2º Lugar no III Concurso Literário Professora Edith Braga)



A tarde estava quente. Debaixo de um sol causticante, ela se preparava para chegar à casa dele. Até lá, devia percorrer uns 130 quilômetros numa pista esburacada e com péssima sinalização. Na tentativa de aliviar o desconforto, ligou o rádio e, para sua surpresa, tocava uma música antiga. Procurou mudar de estação em busca de um som “mais maneiro” como dizem os jovens. Realmente, chegava agora aos seus ouvidos uma balada que lhe trazia inúmeras recordações. Conseguiu imprimir uma velocidade mais alta embalada pela melodia que falava de um amor perdido no tempo. Sua cabeça parecia mais leve, o ar-condicionado do carro atingia uma temperatura agradável, e a viagem passava a ter sentido mais nítido. O raciocínio, agora claro, ajudava a formatar os pensamentos que afloravam em sua mente.

De repente, uma aragem cobre todo o carro e à sua frente surge um vulto de uma mulher desconhecida. Tivera que brecar o automóvel para não acontecer o pior. Já escurecia. A imagem da mulher se aproximava cada vez mais da condução. Uma sensação de calor volta a incomodar. Pára, abre a porta para saber a razão de tamanha sandice. Ao se aproximar, percebe que ali estava uma ave de plumas de grande porte e bico saliente. Os olhos do animal encaravam-na com fúria e terror. Nesse momento, um calafrio tomou conta do seu corpo e com um grito ensurdecedor fez a ave desaparecer de sua frente. O que significa isso? Com as pernas bambas, o vento em assobio e a pista com pouca luz, porque os faróis do carro estavam acesos, procura abrigo. Tateando, retorna ao veículo, quase desfalecida, tenta pôr em movimento, colocar a chave na ignição. Não consegue realizar o intento. Começa a se apavorar. O medo a domina completamente...

A essa altura, já não consegue pensar em nada. Sente-se bloqueada, sem atitude, perdida...

O vento forte provoca um enorme barulho. A estrada estava vazia, escura. Nenhum sinal de carro se aproximando. Confusa, cansada, resolve aguardar socorro. Alguém teria que atravessar aquela estrada, pensa. O tempo vai passando, a espera a faz adormecer profundamente.

Depois de algumas horas, um caminhão de carga surge na estrada. O motorista, ao perceber que existe algo no meio da pista, desce para ver de perto aquilo tudo.

Todos estavam horrorizados com o estado do carro e da mulher no seu interior. O veículo atravessado no asfalto, manchas de sangue desenhadas com figuras irreconhecíveis na lataria e uma mulher desfalecida no banco traseiro. Com o barulho de falas, ao seu redor, acorda meio apavorada. Tenta, por alguns instantes se recompor e, com muito esforço, relata o que tinha acontecido naquela noite.

Rondava por ali um mistério! Quem poderia explicar?

O reboque demorou a chegar, para levar o carro. A mulher foi colocada no caminhão e encaminhada ao hospital. O motorista se encarregou de ir à polícia providenciar o boletim de ocorrência.

Ele, do outro lado da cidade, esperou por toda a noite, com o coração apertado e em sobressaltos. Desenganado, tinha certeza de que havia perdido o seu grande amor.

E o mistério da noite fica para ser desvendado...

2 comentários:

  1. Evan,
    estou lendo e apreciando seus artigos e poesias. Gostaria de saber de você se posso divulgar para outras pessoas. Eu não entendi o que quer dizer "seguidora" em blog. Você poderia me explicar?
    Parabéns pelo seu acervo literário.
    Conceição Rodrigues

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  2. Conceição Amada,
    Obrigada por ter acessado meu blog e lido minhas produções. Pode divulgar para quem você quiser, não tem problemas. Quanto a explicação não sei responder, pois sou um pouco ignorante ainda acerca da formatação e nuances de um blog. Quem montou o meu foi meu sobrinho> Vou perguntar pra ele.
    Beijos,
    Evan

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