terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"O Encanto da Música"

O ENCANTO DA MÚSICA



Existem coisas na vida que o tempo não consegue destruir, mesmo admitindo que no Universo se obedece ao ciclo da natureza: nascer, crescer e morrer, pois foi assim que se estabeleceu desde o início da criação. A vida do homem na terra se rege por leis físicas, biológicas, químicas, atreladas ao próprio desenvolvimento do indivíduo no seu cotidiano. Um dia, tudo se deteriora, ou pode se metamorfosear, transformando-se em algo diferente da sua gênese.

No entanto, se pensarmos um pouco, chegamos a identificar que o mesmo homem é capaz de construir coisas que podem ficar registradas para sempre, na história da humanidade.

Nesse sentido, quero me referir à boa música que perpassa séculos e atravessa milênios. Compositores geniais como Bach, Wagner, Chopin, Beethoven, Mozart, e tantos outros grandes músicos passaram pela terra, cumpriram o seu ciclo de vida e deixaram peças que, ainda hoje, são consideradas obras primas, porque extrapolaram a barreira do tempo. O significado dessas obras para as gerações que se sucederam foram de inestimável importância, tanto no que concerne à plasticidade da composição, da harmonia, dos movimentos, bem como agregado a isso, o seu valor estético. Essas obras contribuíram para abrir novos horizontes e serviram de base para estudos mais aprofundados sobre a música clássica e erudita.

Quantos talentos emergiram a partir do conhecimento das sonatas, dos minuetos e de outras peças trabalhadas por aqueles gênios da música que marcaram profundamente a sensibilidade de novos artistas que, com o seu potencial nato e muito esforço, conseguiram recriar outras tantas composições!

Aqui no Brasil, poderíamos destacar Carlos Gomes, Vila Lobos, Pixinguinha, Tom Jobim e outros artistas que, no campo da música erudita ou no da música popular, mostraram condições plausíveis para o ofício.

Nada mais pode encantar alguém do que ouvir uma melodia que entra pelos ouvidos, chega ao cérebro e faz o coração ficar embevecido. Os sons na mais perfeita harmonia nos transportam a lugares, situações ou fatos pelos quais já passamos ou idealizamos nos nossos sonhos, na nossa utopia solitária de cada ser humano. Além de nos proporcionar um relaxamento salutar, a música acalma, faz bem à alma e ao espírito.

No programa semanal na TV Senado sobre música clássica, seu produtor e apresentador, jornalista Artur da Távola, sempre ressalta: ”Quem gosta de música não é solitário porque tem vida interior.” Na verdade, concordo plenamente com a assertiva. A boa música nos enche de um prazer colossal, penetra nos poros e se impregna no âmago do ser, nos preenchendo de tal forma, até atingirmos a plenitude e a paz interior. Chega a nos levar a um estágio de verdadeira sublimação.

Não sou adepta apenas da música erudita, mas também da música popular feita com esmero, apresentando letras e melodias que traduzam beleza e nos elevem, na medida em que, a partitura envolva processos melódicos, harmônicos, sonoros, rítmicos que se conjuguem dentro da composição e mexam com os sentimentos, com as emoções, com o corpo, o qual poderá atingir em determinados momentos uma quase levitação, tal é a magia que exerce no ouvinte.


A música é essencial na vida do ser humano no tocante ao equilíbrio da mente-corpo-emoção-sentimentos. A relevância é tamanha que, em muitos casos, chega a curar males psíquicos, stress e transtornos emocionais. A medicina faz uso desses mecanismos para ajudar nos tratamentos de várias patologias que, além de utilizar remédios, tem na música uma aliada para minimizar dores, angústias, cansaço físico ou mental e passar a ser coadjuvante, por alguns momentos, do próprio médico e do paciente que sofre.

Certamente quem acompanhou nos últimos dias pela a mídia a chegada ao Brasil de bandas internacionais: Rolling Stones, U2, pôde aquilatar o peso com que as músicas desses artistas influenciam os jovens de hoje e, há décadas, se mantêm num patamar sempre elevado na preferência de adultos e de senhores e senhoras que gozam da terceira idade. Músicas antológicas que marcaram época e com a sua força melódica conseguiram ultrapassar o tempo. E, assim, passa a ser música universal, na acepção da palavra.

Podíamos citar compositores nacionais como: Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Cazuza, apenas para destacar alguns, que fizeram canções de valor estético e belezas memoráveis e permanecem no cenário musical há bastante tempo, fazendo-se ainda presentes no bom gosto das gerações que se sucedem.

Artistas que mostraram a sua genialidade em letras e melodias bem trabalhadas, com mensagens que tocam a sensibilidade do ouvinte e os transportam, fazendo questionar ou admirar a vida, o ser humano, ou mesmo, nas sutis ironias, levar a uma reflexão sobre o mundo com todas as suas contradições.

Em cada canção, pode se encontrar nas entrelinhas a preocupação com o social, o amor, a solidariedade, a justiça, a desigualdade, enfim, tudo que atinge o tecido social, as massas, o ser humano, como indivíduo, único, mas também como coletivo, parte de uma sociedade no plano universal.

De todas as diferenças existentes entre povos nos âmbitos culturais, raciais, ideológicos ou sociais, um dos elementos que pode ainda unir idéias, pensamentos, sentimentos, com certeza, é a música de qualidade, ou seja, a boa música que nada impede de penetrar nos ouvidos e permitir chegar-se a um estado de encantamento ou êxtase, reunindo os diferentes para apreciar o belo.



Evan Bessa

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