terça-feira, 10 de maio de 2011

DIA DAS MÃES
Acordei, lembrando de você, mamãe! As recordações vieram em cascatas como cachoeira derramando-se no alto do despenhadeiro. Nesses momentos, a gente se sente vulnerável, insegura e com a emoção à flor da pele. Tudo isso porque você não está mais comigo. Todos festejam o Dia das Mães e eu aqui sozinha experimentando uma saudade dolorida.
Saudade palavra que tem um peso semântico muito forte e traduz uma carga emotiva significativa. Vocábulo que não existe em outro idioma. É a saudade, hoje, que me acompanha, segura minha mão a todo instante e não me deixa lhe esquecer... Plagiando o que disse Roberto Carlos: “Você é a saudade que gosto de ter/ Só assim/ Sinto você mais perto de mim/ Outra vez”. É o consolo para sair da tristeza de não poder lhe abraçar, beijar e repetir sempre, como fazia quando você estava no plano terreno, o refrão: Eu te amo!!! Lembro que você ficava manhosa como uma criança ao ser acariciada, e o sorriso aparecia nos olhos miúdos e nos seus lábios. O rosto ficava corado como de uma adolescente ao encontrar alguém importante para o seu coração.
Chega-me agora tanta coisa que me faz sentir a sua ausência. O cuidado que devotavas a cada filho era exagerado. Como queria defender suas crias dos problemas, das dificuldades da vida! Se um filho adoecia, podia ser um adulto, a preocupação era a mesma de quando éramos crianças. Ficava telefonando a cada hora, ensinava remédios caseiros, acompanhava tudo de perto. Mesmo com a idade avançando você não perdia a fixação pelo bem estar dos filhos.
Quando meu irmão sofreu um AVC e ficou imobilizado em cadeira de rodas, você dizia: Por que não foi em mim? Eu já estou velha. Ele vai ficar bom? E indagava a quem se aproximasse sobre a cura do filho. Permanecia ansiosa querendo estar a par do tratamento. Falava com a fisioterapeuta, com a fonoaudióloga, observava se os remédios estavam sendo ministrados, conforme prescrição médica. E como seu rosto mudou a partir do acontecido! Sua fisionomia demonstrava preocupação, aflição e ansiedade! Faltava-lhe chão.
Você, que era “antenada” com o tempo e com os acontecimentos ao seu redor, curiosa, depois da doença do filho, nada lhe importava, nada a deixava feliz. O seu foco estava na reabilitação mais rápida possível para ele. A plantinha que era linda e viçosa aos poucos foi perdendo o viço, a alegria de viver. Não a reconhecia. Onde estava o bom humor, as piadas, as brincadeiras e as “danações” que fazia para chamar a atenção? Aos poucos você foi perdendo a vontade de viver. Não entrou em depressão porque com o seu temperamento era impossível, mas a mudança se fez com a dor, o sofrimento e por se sentir impotente diante do quadro à sua frente. Sua tristeza maior era não poder curar o filho... E como rezava!
Acho mamãe, que você foi saindo da vida devagarzinho para que não nos assustássemos. Queria que os filhos não sofressem mais ainda com a sua ausência. Tudo em vão, mamãe!
Sua presença ficou impregnada em todos nós. Você saiu de cena, no entanto, continua no palco das nossas melhores lembranças e nos nossos corações. Isto porque, mamãe, para nós você não morrerá nunca! Encantou-se em algum lugar do infinito...

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