DIMENSÕES DO OLHAR
Há muito anoiteceu! Olho para o céu e vejo um lindo bordado de estrelas, derramando fios prateados sobre a terra. A lua, neste momento, se esconde por trás das nuvens que dançam num ritmo frenético. Fixo meu olhar no alto e o que vejo me faz admirar ainda mais a beleza do Criador. Hipnotizada por alguns instantes, recordo que na infância só enxergava as figuras que eram formadas pelas nuvens. Ora contava como carneirinhos, ora eram monstros imensos que deslizavam no firmamento. Sonhava poder pegá-los para brincar e correr, na minha ingenuidade de criança.
Percebo que com o tempo a gente passa a olhar o que nos rodeia de maneira diferente. Existem várias formas de direcionar um olhar. E isso só ocorre pelo acúmulo das experiências vivenciadas. Durante a caminhada que se percorre ao longo da vida, o olhar vai tomando dimensões variadas.
Há pessoas que tem mais sensibilidade que outras. Visualizam determinadas coisas com toda a subjetividade, lirismo e romantismo que lhe são peculiares. Enquanto determinadas criaturas não percebem ou dão pouca importância ao que vêem ou enxergam. Tudo passa quase despercebido por sua ótica. São objetivas, racionais e enxergam sem nuances das cores. É o preto e branco e ponto final. São incapazes de verter um olhar mais complacente, diante de uma criança, de um quadro, de rir ou chorar, ao assistir um filme cômico ou dramático.
Educar o olhar nos dias de hoje é uma necessidade. Aprende-se a exercitar os sentidos a fim de enxergar melhor o que se apresenta diante de nós. Esse olhar é, antes de tudo, sensorial. À medida que você vê, toca, escuta o seu coração, sente o gosto da emoção que invade a alma e passa a ter a sensação do odor que toma conta do ambiente em que você se encontra, aí sim, o seu olhar está invadindo um campo até então desconhecido.
Para mim, nada nesta vida tem mais valor que a capacidade de olhar verdadeiramente o objeto ou sujeito, de forma a perceber o mistério e a beleza que se escondem por trás das aparências.
domingo, 29 de abril de 2012
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