sexta-feira, 22 de março de 2013

A SECA NO SERTÃO Logo cedo ao abrir a porta para apanhar o jornal, olho para o céu e vejo um dia nublado, nuvens pesadas a anunciar que a chuva se aproxima. No entanto, as horas se sucedem e nada acontece. A temperatura sobe a níveis indesejáveis, ocasionando mal estar e certo desespero se você não está diante de um ventilador ou numa sala com ar condicionado. Há muito anos o calor não parecia tão intenso. Estamos atravessando uma quadra de seca no Ceará que não se imaginava. O sertão sem chuva, sem água, o mato cinzento porque o verde desapareceu faz tempo. O gado sem pasto, sem água nos rios e cacimbas, padece junto com o sertanejo. A drástica situação desfavorável no interior do estado vem deixando todos preocupados. Campanhas de solidariedade têm se intensificado no sentido de arrecadar alimentos e água para distribuir com as famílias que passam privações. Prefeitos que receberam as prefeituras saqueadas pouco podem fazer sem ajuda do governo federal ou estadual. A população interiorana vive num cenário aterrorizador, onde não há perspectivas de mudança do quadro nos próximos meses. No momento, a preocupação da maioria das autoridades se direciona mais para as obras que deverão estar prontas até a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, este ano e 2014, respectivamente. Observa-se que aparecem recursos para a construção de estádios suntuosos com uma arquitetura moderna saída das mãos de arquitetos famosos para receber os que nos visitarem nesses eventos, sejam brasileiros ou estrangeiros. Seguem-se, exatamente, as regras fixadas pela FIFA, a mais beneficiada com a Copa do Mundo no nosso país. O Nordeste enfrenta essa problemática de falta de chuvas há séculos. Cada governo promete minimizar ou acabar com o tormento, mas, na realidade, não passa de promessa e demagogia política. O que acontece é que o drama continua e o povo sofre as conseqüências sem que políticas alternativas venham ao encontro de soluções reais e palpáveis. Nossos representantes nem sempre têm compromisso de melhorar as condições dos estados e municípios a que estão vinculados. Esquecem que fizeram promessas que jamais serão cumpridas. A seca permanece apresentando-se como flagelo para o homem do campo. A dor do povo se mistura com o sofrimento vivenciado nesse período de estiagem e alguns morrem pelo meio do caminho, sonhando com dias promissores em outras paragens.